Amber - Best friends forever

Em uma realidade paralela...

Era uma manhã de segunda-feira.

“Alice! Vamos logo, menina! Bota logo seu sapato, você vai se atrasar!”.

Os primeiros raios de luz iluminavam aquela pequena casa. Alice já estava de rosto lavado, e pronta pra ir pra escola. Mas não achava seus sapatos em lugar nenhum.

“Mãe!! Não tô achando meu tênis! Você sabe onde tá?”, perguntou Alice.

“Já viu se tá na sala?”.

“Tá bom, tô indo!!”, disse Alice.

Alice desceu as escadas correndo, de meias. Um perigo enorme se escorregasse. Mas ao descer e chegar na sala viu uma mulher, loira, dormindo profundamente. Suas calças jeans estavam jogadas na poltrona ao lado, e ela dormia com uma calcinha laranja e completamente vestida e maquiada da cintura pra cima. Tão profundamente que estava babando no travesseiro. O sono era tão pesado que a mulher sequer percebeu que havia dormido com a perna em cima de um dos pares do tênis da pequena Alice.

“Err… Mamãe?”, gritou Alice Briegel, “A tia Schultz tá dormindo aqui no sofá! Meu tênis tá embaixo da perna dela!”.

Susanna Briegel desceu correndo a escada. Chegou furiosa na frente de Schultz e por um momento tomou ar pra soltar um grito, furiosa. Até a pobre Alice fechou os ouvidos. Mas aí ela pensou melhor. Correu pra cozinha e encheu um pote com água, e simplesmente despejou a água fria no rosto de Schultz.

Obviamente ela acordou gritando, de susto.

“Ah, fala sério, Susie!”, disse Carol Schultz, “Acabei de chegar, que horas são?”.

“São quinze pras sete!”, gritou Susanna Briegel.

Carol Schultz olhou pro relógio com o olho praticamente fechado.

“Acho que cheguei faz uns… Quinze minutos. Simplesmente capotei aqui, só tirei a calça!”, disse Carol.

“Ah, fala sério. Vem cá, filha, vamos tomar café da manhã!”, disse Susanna, mas antes de ir ela voltou pra falar com sua amiga Carol, “Pelo menos bota uma calça pra vir comer com a gente, tá?”.

Alice tinha apenas dez anos. Susanna Briegel era mãe solteira, e dividia sua rotina de mãe com o trabalho de sous-chef, num restaurante do centro da cidade. Carol trabalhava numa agência de eventos, mas gastava todo seu dinheiro na noite. O que Susanna tinha de disciplina, Carol tinha de liberdade.

“Susie, tem que hidratar o cabelo dessa menina!”, disse Carol, ao chegar na mesa pra comer, “Nossa, ela tá ficando a cara do pai!”.

Susanna Briegel entregou uma jarra de leite aquecido na mesa pra elas se servirem.

“Tá nada. Vai ser sempre a cara da mamãe!”, disse Susanna, olhando Alice no rosto e a beijando na testa.

“Rá! Conta outra! Uma loira igual você mãe de uma neguinha igual a Alice!”, brincou Carol Schultz, “Sua safadinha, não tinha noção que você era dessas que gostava de um negão pirocudo!”.

Susanna Briegel parou tudo na cozinha e virou. Por um momento ficou encarando séria as risadas de Schultz, com a espátula de silicone na mão. Mas depois abriu um sorrisinho.

“Bom, pelo menos não sou igual você, que a cidade inteira já comeu!”, respondeu Susanna, “E para de chamar minha filha de neguinha, sua vaca!”, e Susanna jogou violentamente a espátula na cara de Carol Schultz, que a levou bem no meio do nariz.

“Ai, doeu!”, disse Carol. Do lado dela, Alice Briegel começou a rir, “Engraçadinha, né! Vem cá, vou te fazer cosquinhas, e você de preta vai ficar é roxa, sem ar!”.

E Carol Schultz começou a fazer cócegas na barriga de Alice Briegel ali mesmo. A menina ria muito, quase derrubou toda a mesa. Susanna Briegel observava aquilo tudo com um sorriso na boca. Por mais que a sua amiga Schultz fosse irresponsável, era com esse jeito brincalhão dela que Alice tinha uma folga da disciplina rígida da mãe. E isso era muito bom.

“Tá bom, parei! Você tá ficando roxa de verdade, haha!”, brincou Carol Schultz, parando as cócegas, “Ei, Susie, precisamos ir na balada! Ontem vi uns gatinhos que acho que você ia curtir! Temos que ir á caça, lembra que depois de um tempo sem fazer aquilo você volta a ser virgem!”.

“Fala sério, Carol. Sexta eu tenho que ajudar a Alice com o dever de casa. Você que devia ficar aqui e me ajudar! Da última vez aquele seu ex, o Müller, tava por lá e você veio correndo pra cá e ficou a noite inteira ajudando a naquela lição de casa da Alice!”, disse Susanna Briegel.

“É, tia! Fica com a gente, por favor!”, implorou Alice Briegel.

Nessa hora Carol Schultz viu a cara de pidona da sua sobrinha. Ok, é verdade que não era sobrinha de sangue, mas ainda assim a considerava como se realmente fosse. Aquele rosto da Alice a derretia toda!

“Ah, como dizer não pra ela carinha que eu amo tanto?”, disse Carol Schultz, apertando as bochechas de Alice Briegel, “Tá bom, mas nas suas férias você me empresta sua mãe pra sairmos juntas?”.

“Oba! Vamos de novo naquele parque de diversões?”, disse Alice, lembrando do passeio das últimas férias.

“Err, não, querida. É um parque de diversões, mas mais pra nós, adultas. Quando você crescer você vai entender!”, brincou Carol Schultz.

“Tá, vamos comendo, o ônibus escolar pra te buscar tá chegando!”, disse Susanna pra Alice.

Minutos depois já estavam prontas. Susanna estava abrindo a porta pra Alice ir pra escola, foi aí que seu celular bipou. Era seu chefe.

“Ah, que saco! Vou ter que ficar pro serviço da janta hoje! Cobrir a folga de um colega… Saco!”, disse Susanna Briegel.

Nessa hora Carol Schultz colocou a mão nos ombros de Alice e disse sorridente pra ela:

“Puxa, então parece que a tia Schultz vai ter que buscar nossa Alice na escola!”, brincou Carol. Alice abriu um sorriso de orelha a orelha.

“Oba, tia! Vamos pegar sorvete hoje?”, perguntou Alice, toda sorridente. Mas depois ela parou ao ver que sua mãe tava com cara de incrédula do lado.

“Sorvete, como assim?”, questionou Susanna, furiosa, “Você anda dando sorvete pra minha filha antes do jantar?”.

“Poxa, Alice! Esse era nosso segredinho, sua fofoqueira!”, brincou Schultz, “Vai, vai logo que o ônibus tá te esperando ali. Boa aula, meu amorzinho!”.

“Boa aula, filha!”, gritou Susanna. Alice sorridente virou pras duas e deu um tchauzinho, indo aos saltos até o ônibus escolar. As duas ficaram na porta até perderem o ônibus com Alice de vista.

“Valeu por quebrar esse galho, Carol. Valeu mesmo por ir buscar a Alice depois da escola”, disse Susanna Briegel.

“Nada, que isso! Eu amo a Alice demais. E eu sempre te causo tanto problema, né! De vez em quando eu acho que posso te dar uma ajuda também!”, brincou Carol Schultz.

Susanna Briegel simplesmente caiu na risada depois de ouvir isso. E riu alto mesmo, até as pessoas que passavam na rua olhavam pra ela. Carol Schultz, sem entender nada do que estava acontecendo, não sabia onde meter a cara. Mas sorriu também ao ver sua amiga tão feliz.

“Ah, chega vai!”, disse Susanna Briegel, tomando ar depois de tanto rir, “Essa sua cara de sem graça já me valeu o dia!”.

“Ei! Como assim? Você me paga, sua biscate!”, brincou Carol Schultz, depois de ver que sua amiga havia lhe pregado uma bela duma peça.

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