Amber #110 - Improvável rendez-vous (1)
“Está vindo!! Vai nos acertar!!”, gritou Ho entrando no bosque para buscar abrigo puxando Robert White com ela. Schultz pegou Saldaña e também foi buscar abrigo, enquanto Tsai e Huang também buscavam proteção.
O som cada vez parecia mais perto de Schultz, como se fosse uma turbina de avião. E então ele percebeu que apesar de separados, parecia que aquele avião estava em seu encalço.
“Cacete, como um avião consegue desviar assim no meio do curso! Não é possível, parece que essa merda tá me seguindo!!”, disse Schultz, pensando alto, passando pelo bosque agarrado com Saldaña, que continuava a não oferecer nenhum tipo de resistência. Porém o som ficava cada vez mais e mais alto, e era possível ver que o avião estava bem acima deles.
E então um estrondo fortíssimo, seguido de um impacto a poucos metros a sua frente, jogou Schultz e Saldaña para trás. O alemão bateu de lado no tronco de árvore, caindo ao chão logo em seguida. Um calor imenso dominou o local, enquanto um brilho alaranjado dominava todo o redor. Ainda recuperando os sentidos, Schultz se ergueu, mas logo sentiu uma dor forte no seu peito esquerdo, caindo novamente ao chão.
“Ah, ah, cacete! Quebrei um osso!”, sussurrou Schultz para si mesmo quando sentiu uma dor forte no seu peito. Saldaña estava também se erguendo depois da explosão, e então percebeu que o americano estava olhando com um olhar triunfante para frente, do local que parecia vir o brilho alaranjado que dominava toda sua visão.
Ainda de joelhos no chão, Schultz virou o rosto para a fonte daquelas luzes. E nesse momento viu o fogo consumindo as árvores na sua frente, e a temperatura aumentando rapidamente, e sentiu como se estivesse sendo cozinhado vivo. No meio daquele paredão em chamas, um ser bípede caminhava, como se não fosse problema algum ficar exposto aquele calor. O calor das chamas que distorcia a imagem a fazendo tremer, ia dando lugar a uma imagem mais nítida, conforme o ser bípede avançava em direção de Schultz.
Não, não pode ser. Essa merda não era avião coisa alguma!, pensou Schultz, enquanto reconhecia o ser conforme ele ia caminhando ao seu encontro.
Era aquele mesmo ser que Schultz havia encontrado anos atrás em Guernica. Aquela armadura grossa, com aparência de escamas, como se fosse um verdadeiro dragão. Aqueles dois membros superiores que tinham coisas que se assimilavam com turbinas de avião, tubos com hélices imensos e pesadíssimos, além das asas retráteis como se fosse um morcego. Não tinha rosto, embora tivesse algo que pudesse ser chamado de “cabeça”. Era “o ser que cuspia fogo pelos braços”, definitivamente.
“Eu te disse, chucrute. Eles viriam me buscar”, disse Saldaña se aproximando de Schultz, se ajoelhando na sua frente de forma ameaçadora, enquanto seu rosto era iluminado com o alaranjar das labaredas ao redor, “Não sei o porquê de duvidar das minhas palavras, francamente”.
Schultz estava encurralado. A dor imensa no seu peito denunciava a fratura de uma costela. O calor imenso ao redor misturava suor com fuligem, e o fogo fazia todos os troncos estralarem, em chamas. Galhos caíam das árvores em chamas, e Schultz mal conseguia se mexer e fugir.
Mas olhando Saldaña se erguendo, dando passos para ir embora, Schultz se lembrou da missão. Ele havia sobrevivido em Guernica, não tinha motivos para não sobreviver agora! Mesmo com a dor pulsando no seu peito, Schultz ainda não se daria por vencido. O alemão pensava que até aquele momento ele havia sido ajudado por todos, mesmo quando falhava miseravelmente, pessoas ainda confiavam nele. Não havia motivos para não deixar de dar o seu melhor, mesmo naquela situação.
Saldaña ao caminhar para uma parte segura sentiu algo o segurando na perna. E quando virou o rosto, era Schultz, no meio de todas aquelas chamas segurando Saldaña pela barra da calça firmemente, mesmo caído no chão.
“Você não vai desistir, alemão? Estamos te oferecendo apenas um alerta, um aviso. Se você não me soltar agora, esse alerta vai virar uma punição. Uma execução”, ameaçou Saldaña, mas Schultz não o largava. O que era curioso era que Saldaña não fazia força para soltar a mão de Schultz da sua perna. Saldaña não queria sair dali por oportunismo, fugindo correndo pela sua vida. O americano queria sair de lá andando calmamente, como se a derrota inevitável deles fosse aceita pelo inimigo, que humilhado e amedrontado, libertaria Saldaña e White. Schultz continuava encarando Saldaña, como se aquela fosse sua cartada final, e então o americano disse o seguinte: “Que parte você não entendeu? O que você sente, chucrute?”.
“O que eu sinto eu não sei. Mas eu sei o que eu não sinto”, disse Schultz, com a expressão de determinação em seu rosto, “E o que eu não sinto, Saldaña, é medo. E vendo seu jeito de caminhar, toda essa situação, o que você queria era nos causar uma derrota baseada no medo. Uma derrota que nos fizesse voltar e nos refugiar com pavor desse ser que causaria temor em qualquer pessoa. Mas não”, Schultz então olhou para o ser que cospe fogo, com muito mais chamas em seus olhos do que todas as que o rodeava, “Eu já o derrotei uma vez. Posso fazê-lo de novo”.
“Melhor se abaixar, americano!!”, disse Ho, mirando com sua metralhadora e disparando projéteis contra o ser que cuspia fogo. Saldaña se abaixou na frente de Schultz, enquanto observava perplexo a cena que se desenrolava sua frente. Ho estava atirando com tudo, gritando enquanto segurava a arma, usando todas as suas forças, uma vez que ela não estava cem por cento, devido ao acidente de trem.
Tsai rapidamente se pôs ao lado de Schultz, enquanto Huang ficava ao lado de Ho a oferecendo munição.
“Venha, Schultz, vem cá comigo!”, disse Tsai, colocando o braço do alemão nos ombros e o erguendo. Schultz ao se levantar apoiado em Tsai levou a mão ao seu peito, soltando um grito de dor enquanto caminhava até um local elevado, onde Tsai o deixou sentado. Ela, vendo que o seu amigo estava sofrendo, abriu os botões da jaqueta dele e passou a mão no seu peito, sentindo algo perto de uma costela, “É aqui a dor, Schultz? Parece que você quebrou uma costela!”.
“Ah, que merda! Eu só atraso o time todo, que merda!”, disse Schultz, que apesar de estar se sentindo mal por novamente ter sido salvo por Tsai, estava sorrindo, completamente sem jeito por novamente aquilo estar acontecendo, “Não era isso que estava em meus planos, sabe Tsai”.
“Quase nada na nossa vida sai do jeito que a gente planeja, Schultz”, disse Tsai, o acalentando. O alemão sorriu ao ver a preocupação da chinesa para com ele, e então ela prosseguiu: “O que importa é que a gente tem que fazer o máximo das nossas vidas dentro das circunstâncias malucas que ela nos oferece!”.
E então Tsai deixou Schultz acomodado, fazendo como se fosse uma almofada com uma coberta na sua mochila, deixando-a nas costas do alemão. Schultz não estava sendo tratado, mas estava percebendo todo o carinho da chinesa, deixando água, se preocupando em deixa-lo numa posição sentada e confortável, e deixando ele coberto, embora as chamas ao redor estivessem aquecendo o local, sendo desnecessário aquilo.
Um pensamento dominou a mente de Schultz quando ouviu o que Tsai havia dito. Ele estava enrolando muito, achando que precisava de um momento, um acontecimento, uma circunstância para que declarasse todos seus sentimentos para Tsai. A Gongzhu não precisava de um momento, de uma circunstância, ou mesmo de uma situação. Ela sempre estava pronta, ela sempre estava lá. Mas agora corria o risco de que não estivesse mais lá num futuro próximo. Afinal Huang estava de volta. E se ele estivesse determinado, faria de tudo para conquistar o coração da mulher que ambos amavam.
Na hora que Tsai se ergueu e se voltou para Ho que atirava igual louca para cima do ser que cuspia fogo, Schultz pegou na mão da chinesa, que ao virar e ver sua expressão sorridente, ficou surpresa, e até um pouco enrubescida.
“Tsai, eu sei que esse não é o momento mais propício, mas existe algo que eu preciso te dizer”, disse Schultz, sorrindo, tentando disfarçar a expressão de dor por causa do movimento brusco, “Será que depois que a gente sair dessa, isso é, se a gente sair, poderíamos conversar um pouco? Eu preciso falar uma coisa com você!”.
O som cada vez parecia mais perto de Schultz, como se fosse uma turbina de avião. E então ele percebeu que apesar de separados, parecia que aquele avião estava em seu encalço.
“Cacete, como um avião consegue desviar assim no meio do curso! Não é possível, parece que essa merda tá me seguindo!!”, disse Schultz, pensando alto, passando pelo bosque agarrado com Saldaña, que continuava a não oferecer nenhum tipo de resistência. Porém o som ficava cada vez mais e mais alto, e era possível ver que o avião estava bem acima deles.
E então um estrondo fortíssimo, seguido de um impacto a poucos metros a sua frente, jogou Schultz e Saldaña para trás. O alemão bateu de lado no tronco de árvore, caindo ao chão logo em seguida. Um calor imenso dominou o local, enquanto um brilho alaranjado dominava todo o redor. Ainda recuperando os sentidos, Schultz se ergueu, mas logo sentiu uma dor forte no seu peito esquerdo, caindo novamente ao chão.
“Ah, ah, cacete! Quebrei um osso!”, sussurrou Schultz para si mesmo quando sentiu uma dor forte no seu peito. Saldaña estava também se erguendo depois da explosão, e então percebeu que o americano estava olhando com um olhar triunfante para frente, do local que parecia vir o brilho alaranjado que dominava toda sua visão.
Ainda de joelhos no chão, Schultz virou o rosto para a fonte daquelas luzes. E nesse momento viu o fogo consumindo as árvores na sua frente, e a temperatura aumentando rapidamente, e sentiu como se estivesse sendo cozinhado vivo. No meio daquele paredão em chamas, um ser bípede caminhava, como se não fosse problema algum ficar exposto aquele calor. O calor das chamas que distorcia a imagem a fazendo tremer, ia dando lugar a uma imagem mais nítida, conforme o ser bípede avançava em direção de Schultz.
Não, não pode ser. Essa merda não era avião coisa alguma!, pensou Schultz, enquanto reconhecia o ser conforme ele ia caminhando ao seu encontro.
Era aquele mesmo ser que Schultz havia encontrado anos atrás em Guernica. Aquela armadura grossa, com aparência de escamas, como se fosse um verdadeiro dragão. Aqueles dois membros superiores que tinham coisas que se assimilavam com turbinas de avião, tubos com hélices imensos e pesadíssimos, além das asas retráteis como se fosse um morcego. Não tinha rosto, embora tivesse algo que pudesse ser chamado de “cabeça”. Era “o ser que cuspia fogo pelos braços”, definitivamente.
“Eu te disse, chucrute. Eles viriam me buscar”, disse Saldaña se aproximando de Schultz, se ajoelhando na sua frente de forma ameaçadora, enquanto seu rosto era iluminado com o alaranjar das labaredas ao redor, “Não sei o porquê de duvidar das minhas palavras, francamente”.
Schultz estava encurralado. A dor imensa no seu peito denunciava a fratura de uma costela. O calor imenso ao redor misturava suor com fuligem, e o fogo fazia todos os troncos estralarem, em chamas. Galhos caíam das árvores em chamas, e Schultz mal conseguia se mexer e fugir.
Mas olhando Saldaña se erguendo, dando passos para ir embora, Schultz se lembrou da missão. Ele havia sobrevivido em Guernica, não tinha motivos para não sobreviver agora! Mesmo com a dor pulsando no seu peito, Schultz ainda não se daria por vencido. O alemão pensava que até aquele momento ele havia sido ajudado por todos, mesmo quando falhava miseravelmente, pessoas ainda confiavam nele. Não havia motivos para não deixar de dar o seu melhor, mesmo naquela situação.
Saldaña ao caminhar para uma parte segura sentiu algo o segurando na perna. E quando virou o rosto, era Schultz, no meio de todas aquelas chamas segurando Saldaña pela barra da calça firmemente, mesmo caído no chão.
“Você não vai desistir, alemão? Estamos te oferecendo apenas um alerta, um aviso. Se você não me soltar agora, esse alerta vai virar uma punição. Uma execução”, ameaçou Saldaña, mas Schultz não o largava. O que era curioso era que Saldaña não fazia força para soltar a mão de Schultz da sua perna. Saldaña não queria sair dali por oportunismo, fugindo correndo pela sua vida. O americano queria sair de lá andando calmamente, como se a derrota inevitável deles fosse aceita pelo inimigo, que humilhado e amedrontado, libertaria Saldaña e White. Schultz continuava encarando Saldaña, como se aquela fosse sua cartada final, e então o americano disse o seguinte: “Que parte você não entendeu? O que você sente, chucrute?”.
“O que eu sinto eu não sei. Mas eu sei o que eu não sinto”, disse Schultz, com a expressão de determinação em seu rosto, “E o que eu não sinto, Saldaña, é medo. E vendo seu jeito de caminhar, toda essa situação, o que você queria era nos causar uma derrota baseada no medo. Uma derrota que nos fizesse voltar e nos refugiar com pavor desse ser que causaria temor em qualquer pessoa. Mas não”, Schultz então olhou para o ser que cospe fogo, com muito mais chamas em seus olhos do que todas as que o rodeava, “Eu já o derrotei uma vez. Posso fazê-lo de novo”.
“Melhor se abaixar, americano!!”, disse Ho, mirando com sua metralhadora e disparando projéteis contra o ser que cuspia fogo. Saldaña se abaixou na frente de Schultz, enquanto observava perplexo a cena que se desenrolava sua frente. Ho estava atirando com tudo, gritando enquanto segurava a arma, usando todas as suas forças, uma vez que ela não estava cem por cento, devido ao acidente de trem.
Tsai rapidamente se pôs ao lado de Schultz, enquanto Huang ficava ao lado de Ho a oferecendo munição.
“Venha, Schultz, vem cá comigo!”, disse Tsai, colocando o braço do alemão nos ombros e o erguendo. Schultz ao se levantar apoiado em Tsai levou a mão ao seu peito, soltando um grito de dor enquanto caminhava até um local elevado, onde Tsai o deixou sentado. Ela, vendo que o seu amigo estava sofrendo, abriu os botões da jaqueta dele e passou a mão no seu peito, sentindo algo perto de uma costela, “É aqui a dor, Schultz? Parece que você quebrou uma costela!”.
“Ah, que merda! Eu só atraso o time todo, que merda!”, disse Schultz, que apesar de estar se sentindo mal por novamente ter sido salvo por Tsai, estava sorrindo, completamente sem jeito por novamente aquilo estar acontecendo, “Não era isso que estava em meus planos, sabe Tsai”.
“Quase nada na nossa vida sai do jeito que a gente planeja, Schultz”, disse Tsai, o acalentando. O alemão sorriu ao ver a preocupação da chinesa para com ele, e então ela prosseguiu: “O que importa é que a gente tem que fazer o máximo das nossas vidas dentro das circunstâncias malucas que ela nos oferece!”.
E então Tsai deixou Schultz acomodado, fazendo como se fosse uma almofada com uma coberta na sua mochila, deixando-a nas costas do alemão. Schultz não estava sendo tratado, mas estava percebendo todo o carinho da chinesa, deixando água, se preocupando em deixa-lo numa posição sentada e confortável, e deixando ele coberto, embora as chamas ao redor estivessem aquecendo o local, sendo desnecessário aquilo.
Um pensamento dominou a mente de Schultz quando ouviu o que Tsai havia dito. Ele estava enrolando muito, achando que precisava de um momento, um acontecimento, uma circunstância para que declarasse todos seus sentimentos para Tsai. A Gongzhu não precisava de um momento, de uma circunstância, ou mesmo de uma situação. Ela sempre estava pronta, ela sempre estava lá. Mas agora corria o risco de que não estivesse mais lá num futuro próximo. Afinal Huang estava de volta. E se ele estivesse determinado, faria de tudo para conquistar o coração da mulher que ambos amavam.
Na hora que Tsai se ergueu e se voltou para Ho que atirava igual louca para cima do ser que cuspia fogo, Schultz pegou na mão da chinesa, que ao virar e ver sua expressão sorridente, ficou surpresa, e até um pouco enrubescida.
“Tsai, eu sei que esse não é o momento mais propício, mas existe algo que eu preciso te dizer”, disse Schultz, sorrindo, tentando disfarçar a expressão de dor por causa do movimento brusco, “Será que depois que a gente sair dessa, isso é, se a gente sair, poderíamos conversar um pouco? Eu preciso falar uma coisa com você!”.
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