Jacy, Jacymar, Jacysea.

É meio doido como a vida às vezes nos prega algumas peças.

Ontem fui na minha consulta com minha terapeuta, e enquanto voltava eu sempre passo numa cafeteria para tomar um café e comer um pedaço de bolo. É um lugar bonitinho que achei ali no meio da Chácara Santo Antônio, é uma forma de relaxar e pensar sobre a tonelada de coisas que é discutido na terapia.

Só que nessa segunda eu não parei lá. Até me encontrei com a dona, uma senhora que até me conhece, a cumprimentei lhe dando boa tarde e segui para o ponto de ônibus. Como estava muito calor, também não fiz minha caminhada que gosto de fazer. Eu normalmente vou andando de lá até o Terminal Santo Amaro, dá mais ou menos uns quatro quilômetros e meio, uns cinquenta minutos andando, mas eu gosto de fazer. Como conheço a região, eu sempre vario o caminho.

Cheguei no ponto para esperar o ônibus e uma pessoa passa na minha frente, de mochila, camiseta verde, calça jeans e uma pasta na mão. Era uma mulher, e eu sabia que conhecia de algum lugar (não, não é uma cantada).

Me levantei, me aproximei, e perguntei se ela não era a Jacy. Ela se virou, olhou pra mim com aquela cara de dúvida e eu expliquei quem eu era.

Jacymar era professora no CNA que eu estudei (e por um curto período, trabalhei) e nós éramos muito amigos! A gente tinha a mesma idade, inclusive éramos universitários na época, eu na arquitectura e ela em letras (ela é fluente em árabe! Mas ela é tipo... Loira dos olhos azuis, haha!). Ela vivia me zuando, e eu zuando ela, éramos realmente ótimos amigos, mas infelizmente o tempo (sempre esse maldito) nos separou, e como eu nem tinha o contato dela direito, não nos falamos mais. Isso foi há uns treze anos mais ou menos!

A única foto que eu tenho com ela é essa, da festa de Halloween do CNA, que eu fui vestido de samurai:


É curioso que a foto foi batida com uma Cybershot do tempo do Guaraná com rolha, e sabe lá deus guardei essa e outras dessa mesma festa do dia 28 de outubro de 2006. A foto tinha incríveis 0.3 megapixels, e o tamanho de 640x480. Era tecnologia de ponta pra época!

(ok, nem tanto, haviam câmeras muito melhores)

Mas cara, que coisa doida! Eu estava mesmo pensando nela uns dias atrás. E como eu encontro nenhum sinal dela em nenhuma rede social daqui ou de Marte, deixei de lado. Ela se lembrou de mim e ficamos conversando sobre a vida, o que aconteceu nesses treze fucking anos, e óbvio, fiquei super feliz de vê-la novamente.

Ficou marcado de revê-la lá pra março. Ela continua dando aulas na unidade do CNA que nos conhecemos, e que eu estudei.

No entanto, o que mais me impressionou foi essa casualidade da vida. Eu poderia ter parado para tomar café, nem teria encontrado ela, pois ela estaria no ponto pegando o ônibus. Poderia ter aproveitado e caminhado, e também a chance de encontra-la seria praticamente nula. Tinha que acontecer naquele momento e naquela circunstância.

Jacy parecia meio abatida, cansada. Estava com uns band-aid na mão e um perto do queixo, que ela pra variar não me disse o que era (ela sempre era meio fechada mesmo). Talvez era acne, sei lá. Mas tirando isso foi um ótimo papo. Fomos conversando até o Terminal João Dias, onde ela pegaria outra condução pro trabalho, e eu para casa.

Acho que amizade boa é assim, né? Pode passar os anos, mas parece que foi ontem que a gente se viu. :)

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