Amber #136 - Suspicious minds (13) - We're caught in a trap
É ele! Definitivamente é ele o Chang Ching-chong! Chang Ching-chong está exatamente na minha frente, isso tudo acaba agora!, pensou Ho, enquanto observava o rico homem que havia lhe oferecido a sopa se virar e voltar para a entrada, para dentro do recinto de onde saíra.
Pensando em como agir, Ho ficou por um tempo juntando os pensamentos em sua cabeça sobre como poderia de alguma forma encurralar aquele homem. A conclusão óbvia que ela chegou era a de que não poderia deixar de forma alguma que aquele homem conseguisse voltar para dentro da mansão. Contanto que ele estivesse do lado de fora, como agora, a vantagem de terreno era de Ho.
Então se ela tinha que agir, devia agir rápido, pois ela estava distante apenas alguns metros da entrada.
Quando ela voltou seu olhar para onde estava o seu Chang Ching-chong, Ho o viu parado, conversando com um casal de pessoas que haviam acabado de chegar na festa. Pareciam felizes e animados, jogando conversa fora.
É isso! Eu tenho que impedi-lo de chegar na entrada. Talvez essa conversa entre os dois na rua me dê tempo para dar a volta no quarteirão e chegar do outro lado da entrada sem que ele me perceba! Eu terei o elemento surpresa!, pensou Ho, que deixou o cobertor e a sopa no chão e começou a correr com toda sua força até a dobra da esquina.
Ho era uma mulher corpulenta. Uma chinesa que talvez seria chamada de “gorda” pelos padrões de beleza de hoje. É verdade sim que ela era acima do peso, mas aquilo não era apenas gordura. Ho tinha uma força incrível, e uma ótima aptidão física, apesar da aparência. Ela sempre se destacou como sendo a pessoa de maiores atributos e força física de dentro do Pelotão do Pássaro Vermelho, e era exatamente por isso que ela tinha como armas principais as metralhadoras, que nenhum outro do pelotão sabia manusear da forma que ela fazia, dada ao peso para suportar o recuo da arma, e necessidade de força de seu usuário para segura-la.
Apesar da maneira desengonçada de correr, Ho ainda assim tinha uma velocidade invejável quando estava a pé. E rapidamente cruzava as esquinas, dando a volta no imenso quarteirão onde apenas a mansão de Chang Ching-chong se situava, e enfim chegou nas proximidades da entrada da mansão.
Arfando, ela foi andando calmamente, para manter o disfarce, na direção de onde estava Chang Ching-chong. Conforme ela avançava entre as pessoas na entrada, ela se via se aproximando daquele cabelo preto brilhoso, que se destacava no meio da multidão. Chang Ching-chong estava lá. Quando Ho estava a apenas quatro ou cinco metros dele, Chang estava se despedindo do casal que ele estava papeando e começado a caminhar para a entrada.
E quando ele se virou depois de se despedir, viu que Ho estava em sua frente.
“Como é? Senhora abóbora?”, perguntou Chang, confuso, olhando para trás e vendo que as coisas dela estavam jogadas na calçada, “A senhora está transpirando, aconteceu algo?”.
Ho o encarava de maneira ameaçadora. Em sua mente havia a certeza de que o jogo estava ganho. Mas ela precisava de uma última confirmação. Aquilo tudo parecia muito fácil, e ela, precavida, uma pessoa que já era mãe e que sentia o peso das responsabilidades no dia-a-dia, não poderia cometer um erro tão crasso.
“Eu preciso que você me diga de novo uma coisa”, disse Ho, já tentando manter uma respiração mais tranquila, “Seu nome. Por favor, me diga de novo o seu nome”.
“Oh sim, claro! Quer saber? Eu também tenho dificuldades com nomes. Mas é fácil de memorizar”, disse o homem, na completa ingenuidade, “Meu nome é Chang Ching-chong”.
Era ele mesmo. Definitivamente era Chang Ching-chong. Ho ficou em silêncio e olhou para os lados. Haviam apenas algumas pessoas esparsas, uma vez que a festa já estava em seu ápice lá dentro. Se ela agisse ali, quase ninguém notaria.
“Preciso que o senhor venha comigo”, disse Ho, se aproximando dele, e o pegando pelo braço, “Por aqui, vai ser rapidinho. Coisa de cinco minutos”.
A tática de Ho era deixar o homem tranquilo. Ela tinha filhos, ela sabia que não havia muita coisa diferente da maneira de tratar crianças do que lidar com adultos. Se você cria uma barreira psicológica, marcando para que a criança não passe, não é necessário uma barreira física, pois a barreira foi criada na mente. O mesmo também Ho sabia aplicar no caso de um comando. Ao tornar a ordem branda, inofensiva, cria-se o plano de fundo para que a pessoa a obedeça sem que perceba.
“Nossa, mas aonde a senhora tá me levando?”, perguntou Chang enquanto era levado por Ho.
“Não, fica tranquilo, é simples”, disse Ho, mentindo, para acalmá-lo.
Quando cruzaram a esquina e seguiram reto, o homem olhou para trás, já um pouco confuso. Ho não dizia absolutamente nada, apenas o dava um leve puxão mais com a intenção de guiá-lo do que ordenar.
E então cruzaram mais uma esquina, o homem novamente deu uma olhada para trás, e nesse momento ele ficou realmente apreensivo.
“Dona Abóbora, eu sinto muito, mas para onde a senhora está me levando? Já estamos ficando longe da mansão”, disse o homem, que apesar de tecnicamente não estar muito longe, já estava um tanto apreensivo com os dois quarteirões que os separavam da mansão.
“Logo logo a gente volta, é só resolver uma coisa rapidinho logo ali”, disse Ho, até de maneira segura e simpática, mas dessa vez a calmaria durou no máximo uns três ou quatros passos.
Depois de andar mais um pouco o homem simplesmente parou, forçando Ho a parar também. Ele olhou para Ho, balançou negativamente a cabeça, e se preparou para se virar.
“Eu sinto muito, mas eu tenho realmente que voltar. Pessoas estão me esperando, mas outro dia que eu estiver mais livre eu prometo que eu volto”, disse o homem, se virando pegando o rumo de volta de dois quarteirões para trás, para a mansão.
Ho nesse momento viu que a tática de antes não funcionaria. O jeito era apelar.
“Parado onde está, Chang Ching-chong, ou eu atiro!”, disse Ho, apontando uma pistola Luger P08 contra ele. Chang Ching-chong se virou e se assustou com aquilo que ele via apontado contra si. Ele ergueu os braços e ficou pálido.
“Calma, calma, não precisa atirar!”, disse Chang, com os braços erguidos e rendido, suando frio vendo Ho lhe apontar aquela arma de fogo, “O que você quer, dinheiro? Eu posso te dar, não é problema! Não precisar puxar o gatilho, vamos conversar!”.
“Eu não quero dinheiro. Quero que você venha comigo, e venha agora”, disse Ho, ordenando para ele, apontando com a arma.
“Olha, eu não sei o que você quer de mim assim, me chamando desse jeito, senhora. Eu já disse, é só me dizer o que quer que eu te dou, não precisa eu ir junto, sim?”, disse o homem, cada vez mais assustado, ainda com os braços pra cima.
“Por aqui, vamos logo! Eu não vou falar de novo! Abaixe esses braços e venha comigo!”, disse Ho, já elevando a voz contra o homem.
“É um sequestro? Escuta, não me diga que é um sequestro! Eu já fui sequestrado, sabia? É horrível! Eu não quero passar por isso de novo. Por favor, eu juro que te dou o que você quiser, não quero passar por um sequestro de novo!”, disse Chang, tirando um talão de cheques de dentro do paletó e uma caneta. Ele tremia da cabeça aos pés.
Ao longe Ho ouviu uns gritos, algumas pessoas que pareciam correr assustadas, mas ela não conseguiu ver exatamente o que era, por conta da distância. Apenas ouviu mesmo os gritos, deviam ser uma cinco ou seis pessoas. Estava na frente da mansão de Chang Ching-chong. De qualquer forma ela não tinha, e nem queria saber do que se tratava. Seu objetivo era levar aquele homem para o mais longe possível da mansão e apreendê-lo num local seguro.
“Venha logo, ou eu vou abrir fogo, seu idiota! Minha paciência já está acabando!”, disse Ho, já num tom extremamente ameaçador.
O homem então simplesmente travou, com o olhar fixo no nada. Ele ainda transpirava frio e estava pálido de medo. Ho continuava apontando a arma ameaçadoramente, mas também estava apreensiva, pois o homem parecia meio fora de si. Não durou muito para que ele esboçasse uma reação. Ele olhou para Ho, no fundo de seus olhos, parecia sequer piscar. Suas pupilas estavam dilatadas, e junto com aquela expressão em seu rosto, e no meio daquela noite, deixava aquela cena como digna de um filme de terror.
“Eu não vou, eu não quero! Eu me recuso!”, disse o homem, como se estivesse dominado pelo pânico, falando em voz alta e totalmente desafinado, “Ahhhhhhhhhh!!”, gritou o homem e se virou, começando a correr de volta à mansão.
Ho guardou sua arma e se apressou em correr atrás dele também. Atrás dele ela percebera que ele corria de maneira atrapalhada, com passos irregulares, como se o próprio temor pela sua vida fosse traduzido na maneira desajeitada com que corria. Ho percebera então que era possível alcançá-lo. Talvez alcançá-lo até mesmo antes de cruzar a primeira esquina. Era tudo questão de continuar mantendo o passo que ele seria facilmente alcançado.
Ah, que droga! Nessas horas ter um corpo pesado não ajuda em nada a gente ter velocidade! Porque não colocaram o Huang no lado de fora da mansão?, pensou Ho, mas já era meio tarde para isso. Ela conseguia correr, mas detestava fazê-lo, pois por conta de seu treinamento e de sua aptidão como defensora do pelotão, era muito difícil ter velocidade na corrida, por exemplo.
Porém, apesar dela ser a mais lenta de todo o pelotão quando a questão era correr, Ho ainda era superior que a média comum das pessoas quando se tratava de velocidade. Junto ao desespero desengonçado que Chang Ching-chong exibia ao correr, quando Ho percebeu já estava bem perto de pegá-lo.
E quando ela reparou, eles haviam cruzado a primeira esquina. Na próxima esquina já seria a mansão!
Mas ela, de relance, quando virou seu rosto, Ho vira duas pessoas familiares naquela esquina. Um pouco distantes, mas estranhamente familiares.
Porém ela não tinha tempo para isso. Apenas algo que lhe dizia que eram pessoas familiares. Sua missão estava a poucos metros dali, era só dar mais um último impulso e pegá-lo!
“Ho! É você?”, disse Chou, e Ho reconheceu na hora a sua voz. Sua voz vinha de trás. Ainda correndo ela virou o rosto para trás e vira Chou e Li juntas logo ali.
“É a Ho mesmo!! Ho!! Estamos aqui!”, disse as duas que começaram a correr até a amiga.
Não tinha como ser melhor. As duas pareciam ter caído do céu, não tinha como terem aparecido em melhor momento do que esse! Na sua mente Ho já havia arquitetado tudo, as duas ajudariam a segurar Chang enquanto ela dava um jeito de contatar Huang e ele dizer para a Gongzhu que o alvo havia sido capturado! Ela não sabia de onde, mas aquilo foi uma injeção de ânimo muito forte, ela até se sentia mais apta a correr, e até conseguiu acelerar ainda mais o passo, ficando extremamente próximo do atrapalhando Chang que corria desesperadamente tentando se salvar dela.
Mas então um tiro ecoa nas ruas. O brilho do disparo iluminava a área de frente da mansão como um flash, o exato local que aquelas pessoas haviam gritado e se afastado, que Ho não conseguiu ver, apenas ouvir, por conta da distância.
E então quando o repentino clarão se dissipou, Ho sentiu uma dor imensa em seu peito, instantaneamente. Ela levou sua mão ao peito e viu sangue, e nesse momento ela perdeu os sentidos e caiu abafadamente no chão.
“Ho!! Aguente firme!! Ho!!”, gritou Chou quando se aproximou dela no chão.
“Seus malditos! Filhos de uma puta!”, disse Li, sacando seu rifle SMLE. Ela viu exatamente de quem se tratava, uma vez que ela percebera o tiro vindo lá da frente. E mesmo de uma distância considerável, reparou que havia uma pessoa com um rifle engatilhado apontando de volta.
Sem hesitar então disparou contra o homem, rapidamente, sem dando nem chance, e menos ainda tempo, de reação. O homem do outro lado caiu ao ser atingido pelo tiro de Li.
Porém, o suspeito de ser Chang Ching-chong acelerou o passo e entrou na mansão. Mas agora isso não era tão importante. Ho estava com sua vida por um fio, e tinha que ser salva a todo o custo!
Pensando em como agir, Ho ficou por um tempo juntando os pensamentos em sua cabeça sobre como poderia de alguma forma encurralar aquele homem. A conclusão óbvia que ela chegou era a de que não poderia deixar de forma alguma que aquele homem conseguisse voltar para dentro da mansão. Contanto que ele estivesse do lado de fora, como agora, a vantagem de terreno era de Ho.
Então se ela tinha que agir, devia agir rápido, pois ela estava distante apenas alguns metros da entrada.
Quando ela voltou seu olhar para onde estava o seu Chang Ching-chong, Ho o viu parado, conversando com um casal de pessoas que haviam acabado de chegar na festa. Pareciam felizes e animados, jogando conversa fora.
É isso! Eu tenho que impedi-lo de chegar na entrada. Talvez essa conversa entre os dois na rua me dê tempo para dar a volta no quarteirão e chegar do outro lado da entrada sem que ele me perceba! Eu terei o elemento surpresa!, pensou Ho, que deixou o cobertor e a sopa no chão e começou a correr com toda sua força até a dobra da esquina.
Ho era uma mulher corpulenta. Uma chinesa que talvez seria chamada de “gorda” pelos padrões de beleza de hoje. É verdade sim que ela era acima do peso, mas aquilo não era apenas gordura. Ho tinha uma força incrível, e uma ótima aptidão física, apesar da aparência. Ela sempre se destacou como sendo a pessoa de maiores atributos e força física de dentro do Pelotão do Pássaro Vermelho, e era exatamente por isso que ela tinha como armas principais as metralhadoras, que nenhum outro do pelotão sabia manusear da forma que ela fazia, dada ao peso para suportar o recuo da arma, e necessidade de força de seu usuário para segura-la.
Apesar da maneira desengonçada de correr, Ho ainda assim tinha uma velocidade invejável quando estava a pé. E rapidamente cruzava as esquinas, dando a volta no imenso quarteirão onde apenas a mansão de Chang Ching-chong se situava, e enfim chegou nas proximidades da entrada da mansão.
Arfando, ela foi andando calmamente, para manter o disfarce, na direção de onde estava Chang Ching-chong. Conforme ela avançava entre as pessoas na entrada, ela se via se aproximando daquele cabelo preto brilhoso, que se destacava no meio da multidão. Chang Ching-chong estava lá. Quando Ho estava a apenas quatro ou cinco metros dele, Chang estava se despedindo do casal que ele estava papeando e começado a caminhar para a entrada.
E quando ele se virou depois de se despedir, viu que Ho estava em sua frente.
“Como é? Senhora abóbora?”, perguntou Chang, confuso, olhando para trás e vendo que as coisas dela estavam jogadas na calçada, “A senhora está transpirando, aconteceu algo?”.
Ho o encarava de maneira ameaçadora. Em sua mente havia a certeza de que o jogo estava ganho. Mas ela precisava de uma última confirmação. Aquilo tudo parecia muito fácil, e ela, precavida, uma pessoa que já era mãe e que sentia o peso das responsabilidades no dia-a-dia, não poderia cometer um erro tão crasso.
“Eu preciso que você me diga de novo uma coisa”, disse Ho, já tentando manter uma respiração mais tranquila, “Seu nome. Por favor, me diga de novo o seu nome”.
“Oh sim, claro! Quer saber? Eu também tenho dificuldades com nomes. Mas é fácil de memorizar”, disse o homem, na completa ingenuidade, “Meu nome é Chang Ching-chong”.
Era ele mesmo. Definitivamente era Chang Ching-chong. Ho ficou em silêncio e olhou para os lados. Haviam apenas algumas pessoas esparsas, uma vez que a festa já estava em seu ápice lá dentro. Se ela agisse ali, quase ninguém notaria.
“Preciso que o senhor venha comigo”, disse Ho, se aproximando dele, e o pegando pelo braço, “Por aqui, vai ser rapidinho. Coisa de cinco minutos”.
A tática de Ho era deixar o homem tranquilo. Ela tinha filhos, ela sabia que não havia muita coisa diferente da maneira de tratar crianças do que lidar com adultos. Se você cria uma barreira psicológica, marcando para que a criança não passe, não é necessário uma barreira física, pois a barreira foi criada na mente. O mesmo também Ho sabia aplicar no caso de um comando. Ao tornar a ordem branda, inofensiva, cria-se o plano de fundo para que a pessoa a obedeça sem que perceba.
“Nossa, mas aonde a senhora tá me levando?”, perguntou Chang enquanto era levado por Ho.
“Não, fica tranquilo, é simples”, disse Ho, mentindo, para acalmá-lo.
Quando cruzaram a esquina e seguiram reto, o homem olhou para trás, já um pouco confuso. Ho não dizia absolutamente nada, apenas o dava um leve puxão mais com a intenção de guiá-lo do que ordenar.
E então cruzaram mais uma esquina, o homem novamente deu uma olhada para trás, e nesse momento ele ficou realmente apreensivo.
“Dona Abóbora, eu sinto muito, mas para onde a senhora está me levando? Já estamos ficando longe da mansão”, disse o homem, que apesar de tecnicamente não estar muito longe, já estava um tanto apreensivo com os dois quarteirões que os separavam da mansão.
“Logo logo a gente volta, é só resolver uma coisa rapidinho logo ali”, disse Ho, até de maneira segura e simpática, mas dessa vez a calmaria durou no máximo uns três ou quatros passos.
Depois de andar mais um pouco o homem simplesmente parou, forçando Ho a parar também. Ele olhou para Ho, balançou negativamente a cabeça, e se preparou para se virar.
“Eu sinto muito, mas eu tenho realmente que voltar. Pessoas estão me esperando, mas outro dia que eu estiver mais livre eu prometo que eu volto”, disse o homem, se virando pegando o rumo de volta de dois quarteirões para trás, para a mansão.
Ho nesse momento viu que a tática de antes não funcionaria. O jeito era apelar.
“Parado onde está, Chang Ching-chong, ou eu atiro!”, disse Ho, apontando uma pistola Luger P08 contra ele. Chang Ching-chong se virou e se assustou com aquilo que ele via apontado contra si. Ele ergueu os braços e ficou pálido.
“Calma, calma, não precisa atirar!”, disse Chang, com os braços erguidos e rendido, suando frio vendo Ho lhe apontar aquela arma de fogo, “O que você quer, dinheiro? Eu posso te dar, não é problema! Não precisar puxar o gatilho, vamos conversar!”.
“Eu não quero dinheiro. Quero que você venha comigo, e venha agora”, disse Ho, ordenando para ele, apontando com a arma.
“Olha, eu não sei o que você quer de mim assim, me chamando desse jeito, senhora. Eu já disse, é só me dizer o que quer que eu te dou, não precisa eu ir junto, sim?”, disse o homem, cada vez mais assustado, ainda com os braços pra cima.
“Por aqui, vamos logo! Eu não vou falar de novo! Abaixe esses braços e venha comigo!”, disse Ho, já elevando a voz contra o homem.
“É um sequestro? Escuta, não me diga que é um sequestro! Eu já fui sequestrado, sabia? É horrível! Eu não quero passar por isso de novo. Por favor, eu juro que te dou o que você quiser, não quero passar por um sequestro de novo!”, disse Chang, tirando um talão de cheques de dentro do paletó e uma caneta. Ele tremia da cabeça aos pés.
Ao longe Ho ouviu uns gritos, algumas pessoas que pareciam correr assustadas, mas ela não conseguiu ver exatamente o que era, por conta da distância. Apenas ouviu mesmo os gritos, deviam ser uma cinco ou seis pessoas. Estava na frente da mansão de Chang Ching-chong. De qualquer forma ela não tinha, e nem queria saber do que se tratava. Seu objetivo era levar aquele homem para o mais longe possível da mansão e apreendê-lo num local seguro.
“Venha logo, ou eu vou abrir fogo, seu idiota! Minha paciência já está acabando!”, disse Ho, já num tom extremamente ameaçador.
O homem então simplesmente travou, com o olhar fixo no nada. Ele ainda transpirava frio e estava pálido de medo. Ho continuava apontando a arma ameaçadoramente, mas também estava apreensiva, pois o homem parecia meio fora de si. Não durou muito para que ele esboçasse uma reação. Ele olhou para Ho, no fundo de seus olhos, parecia sequer piscar. Suas pupilas estavam dilatadas, e junto com aquela expressão em seu rosto, e no meio daquela noite, deixava aquela cena como digna de um filme de terror.
“Eu não vou, eu não quero! Eu me recuso!”, disse o homem, como se estivesse dominado pelo pânico, falando em voz alta e totalmente desafinado, “Ahhhhhhhhhh!!”, gritou o homem e se virou, começando a correr de volta à mansão.
Ho guardou sua arma e se apressou em correr atrás dele também. Atrás dele ela percebera que ele corria de maneira atrapalhada, com passos irregulares, como se o próprio temor pela sua vida fosse traduzido na maneira desajeitada com que corria. Ho percebera então que era possível alcançá-lo. Talvez alcançá-lo até mesmo antes de cruzar a primeira esquina. Era tudo questão de continuar mantendo o passo que ele seria facilmente alcançado.
Ah, que droga! Nessas horas ter um corpo pesado não ajuda em nada a gente ter velocidade! Porque não colocaram o Huang no lado de fora da mansão?, pensou Ho, mas já era meio tarde para isso. Ela conseguia correr, mas detestava fazê-lo, pois por conta de seu treinamento e de sua aptidão como defensora do pelotão, era muito difícil ter velocidade na corrida, por exemplo.
Porém, apesar dela ser a mais lenta de todo o pelotão quando a questão era correr, Ho ainda era superior que a média comum das pessoas quando se tratava de velocidade. Junto ao desespero desengonçado que Chang Ching-chong exibia ao correr, quando Ho percebeu já estava bem perto de pegá-lo.
E quando ela reparou, eles haviam cruzado a primeira esquina. Na próxima esquina já seria a mansão!
Mas ela, de relance, quando virou seu rosto, Ho vira duas pessoas familiares naquela esquina. Um pouco distantes, mas estranhamente familiares.
Porém ela não tinha tempo para isso. Apenas algo que lhe dizia que eram pessoas familiares. Sua missão estava a poucos metros dali, era só dar mais um último impulso e pegá-lo!
“Ho! É você?”, disse Chou, e Ho reconheceu na hora a sua voz. Sua voz vinha de trás. Ainda correndo ela virou o rosto para trás e vira Chou e Li juntas logo ali.
“É a Ho mesmo!! Ho!! Estamos aqui!”, disse as duas que começaram a correr até a amiga.
Não tinha como ser melhor. As duas pareciam ter caído do céu, não tinha como terem aparecido em melhor momento do que esse! Na sua mente Ho já havia arquitetado tudo, as duas ajudariam a segurar Chang enquanto ela dava um jeito de contatar Huang e ele dizer para a Gongzhu que o alvo havia sido capturado! Ela não sabia de onde, mas aquilo foi uma injeção de ânimo muito forte, ela até se sentia mais apta a correr, e até conseguiu acelerar ainda mais o passo, ficando extremamente próximo do atrapalhando Chang que corria desesperadamente tentando se salvar dela.
Mas então um tiro ecoa nas ruas. O brilho do disparo iluminava a área de frente da mansão como um flash, o exato local que aquelas pessoas haviam gritado e se afastado, que Ho não conseguiu ver, apenas ouvir, por conta da distância.
E então quando o repentino clarão se dissipou, Ho sentiu uma dor imensa em seu peito, instantaneamente. Ela levou sua mão ao peito e viu sangue, e nesse momento ela perdeu os sentidos e caiu abafadamente no chão.
“Ho!! Aguente firme!! Ho!!”, gritou Chou quando se aproximou dela no chão.
“Seus malditos! Filhos de uma puta!”, disse Li, sacando seu rifle SMLE. Ela viu exatamente de quem se tratava, uma vez que ela percebera o tiro vindo lá da frente. E mesmo de uma distância considerável, reparou que havia uma pessoa com um rifle engatilhado apontando de volta.
Sem hesitar então disparou contra o homem, rapidamente, sem dando nem chance, e menos ainda tempo, de reação. O homem do outro lado caiu ao ser atingido pelo tiro de Li.
Porém, o suspeito de ser Chang Ching-chong acelerou o passo e entrou na mansão. Mas agora isso não era tão importante. Ho estava com sua vida por um fio, e tinha que ser salva a todo o custo!
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