Vou te encontrar na luz das estrelas, te refletir nas águas do mar.
Acho que levei dias até conseguir digerir tudo aquilo de inesquecível que foi o nosso 5 de agosto do ano passado. Tanto que demorei bastante para escrever sobre. Eu precisava acalmar o coração, aceitar que estamos vivendo a uma distância imensa, e, além de tudo, esperar que as lágrimas parassem de cair. Acho que toda vez que eu ouvir "Truly, madly, deeply" do Savage Garden vou me emocionar pensando em você.
Eu não lembro de ter chorado tanto. Na época quando me despedi de você eu senti um vazio tão grande, sabe? Não era a mesma coisa. Eu havia experimentado a presença de alguém que eu queria ao meu lado pelo resto da vida, e ver você partindo foi como se houvesse um buraco em meu coração.
Mas a distância também vai acabando com o sentimento aos pouquinhos. Me machucava muito quando eu via que o tempo para ter uma dose da sua atenção começou a se alongar cada vez mais. As horas se transformaram em dias, os dias em semanas, tudo isso aguardando uma mísera resposta. Isso foi machucando mais e mais conforme o tempo ia passando.
"O que eu tô fazendo da minha vida?".
Essa frase na minha cabeça sempre aparece quando, depois de aguentar muita coisa, eu me canso de alguma situação. Foi precisamente esse pensamento que surgiu na minha cabeça quando eu largava meus vícios: da Coca-cola até roer unhas. Simplesmente chegava um dia e todo aquele passado pesava em mim, e eu percebia há quanto tempo uma determinava coisa me causava essa sensação de dependência, e começava aí o processo de abstinência.
E em abril, após te enviar uma mensagem lá por volta do dia 2, e só receber sua resposta no dia 28 do mesmo mês, eu me cansei. Naquele momento o pensamento que inundava minha cabeça era o "O que eu tô fazendo da minha vida?". Resolvi me livrar do vício em você. De deixar isso de lado, afinal eu tinha que fazer de tudo para chamar sua atenção. De cantar, até fazer piadas. Eu ainda tenho um pouco de amor próprio, mas não vou negar que foi divertido enquanto durou. Eu nunca vou me esquecer do nosso 5 de agosto, nosso almoço e despedida no dia seguinte, e das semanas que passei chorando depois disso.
Foi aí que minha abstinência de você começou.
Se você sentisse algo por mim, se houvesse algo recíproco, você viria atrás de mim, ao menos uma vez? Eu tinha que tirar a prova. Precisava saber que havia alguém do outro lado correndo também, e não apenas eu, como um bobo da corte chamando a atenção a todo momento.
Porém, desde aquela última troca de mensagens em abril, você não me mandou nem mesmo um "oi".
Isso para mim era a certeza de que não havia nada mesmo do outro lado. Talvez a única certeza sobre sentimentos era por minha parte. Do outro lado foi apenas ilusório, mas isso não é nenhuma novidade, certo?
Podemos nos encontrar todos os dias à noite, mas me machuca saber que você está ali. Tento me concentrar na reunião, mas volta e meia seu nome salta, como se fosse atraído por mim, e eu também tento não me cobrar tanto. Essa distância toda teve fases. No começo sempre é mais difícil, mas depois de um tempo vai ficando fácil, começa a doer menos, até um dia que a dor meio que some. Anestesia.
Porém nessa última noite, eu sonhei com você a noite inteira.
Sonhei que havíamos nos encontrado, e que estávamos namorando. Como era doce seu beijo, e como era quentinho estar com seus braços envolvidos no meu. Como era incrível essa injeção de felicidade pulsando em meu coração ao olhar para seus olhos redondos e negros.
O segundo sonho foi enquanto andávamos na rua procurando avaliando uma escola para a nossa pequena Nara. É engraçado os sonhos que tenho com você mais bonitos são como foi nosso dia-a-dia juntos: com coisas corriqueiras e simples. O que vivemos no dia passeando na Vinte e Cinco se tornou um sonho onde estávamos juntos buscando uma escolinha para nossa primogênita.
E o terceiro sonho foi em nossa casa, onde eu lia uma estória para nossa filha dormir e você aparecia, me dando um beijo carinhoso no meu rosto, e nossa filha via aquele amor entre nós e ficava toda derretida com nossa paixão.
Ao acordar, veio aquele mesmo sentimento ambíguo que me ocorre depois de acordar de um sonho bom. Sonhos ruins eu nem ligo tanto, consigo isolar aquilo como algo ruim e deixo de lado. Mas sonhos bons são muito piores que o mais cruel pesadelo: a gente sente uma felicidade, algo que nos preenche tão profundamente naquela coisa tão real, é tão bom viver aquilo, que a gente nunca pensa que possa ser um sonho. Que acordar, e se deparar com a realidade, é uma das piores sensações do mundo.
Por que sonhar com você depois de tanto tempo? Quanto mais eu tento fugir de você, você consegue me puxar de novo. E você me leva para longe, me leva para o mundo dos sonhos onde tudo é possível, onde com todos os meus sentidos eu sinto como é ter você como minha companheira, minha parceira, minha mulher.
E depois de acordar eu fico com esse sentimento de que estou vazio. De que me falta algo. De que me falta você. De que todos esses meses tentando viver sem suas palavras, toda aquela dor que você me fazia sentir com sua ausência, por mais que essa experiências me machucassem, depois desse sonho eu fico com esse sentimento de que eu não quero te deixar. Que eu não quero que isso acabe. De que você é tudo o que eu desejei na miha vida, e que eu não quero te deixar partir nunca mais dos meus braços.
Afinal, você é nada menos do que aquela pessoa. A mulher que eu gostaria de ter para sempre do meu lado.
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