My Mister (2018)

Fazia tempo que eu não via um k-drama realmente muito bom. Faz alguns meses que havia engatado My Mister (나의 아저씨; Naui Ajeossi) mas o começo não me pegou. Achei que era mais do mesmo, mesmo tendo gente bem famosa no elenco, como o Lee Sun-kyun (o senhor Park, o ricaço do filme Parasita) e a lindinha da IU (nome artístico, que se lê tipo "I you").

O começo é bem chato, não vou negar. Esse k-drama mostra a vida de Park Dong-hun (personagem do Lee Sun-kyun), um gerente geral de uma firma de engenharia que odeia seu emprego. Como nas palavras da própria esposa: parece que ele vai para o abate todos os dias. Ele é o irmão do meio de três: o primogênito Sang-hun é tranquilo e protetor, mas está em vias de se divorciar da esposa e volta a viver com a mãe idosa. E o irmão mais novo, Gi-hun, é um cineasta que não conseguiu fazer a carreira deslanchar e, também por falta de condições, volta a viver com a mãe.

Apesar do Dong-hun ter dado certo na vida (na questão de dinheiro), ele é triste e odeia a própria vida. E os outros irmãos por terem falhado também são bem frustrados, por serem quarentões vivendo na casa da mãe ainda.

E na mesma empresa de engenharia temos a Lee Ji-an (interpretada pela IU), uma menina paupérrima, que luta pra cuidar da avó bem frágil, e ainda tem mafiosos atrás dela cobrando dívidas. E por ter perdido os pais cedo e comido o pão que o diabo amassou na vida inteira, se acostumou a não confiar em ninguém, e achar que basta alguém ter dinheiro para ser feliz.

Acontece que logo no primeiro episódio o Dong-hun, que estava trabalhando normalmente, recebe uma encomenda com propina. Apesar de frustrado e triste, ele é uma pessoa extremamente íntegra, e decide levar aquele dinheiro ilegal que recebeu aos responsáveis (ao invés de pegar pra ele). Porém a Ji-an vê aquele dinheiro e o furta. A situação acaba saindo do controle e Dong-hun é ameaçado de ser demitido por aceitar propina.

Mas depois que ele livra a cara, a Ji-an recebe uma proposta do CEO da empresa para que ela dê um jeito de espionar a vida do Dong-hun e achar algum podre para que ele possa ser demitido pelo dono da empresa. Em troca dessa ajuda ao CEO corrupto, ela vai ganhar uma bolada. Só que esse mesmo CEO da empresa tem um caso com a esposa do Dong-hun, e é óbvio que o chifrudo não sabe (como se desgraça pouca fosse bobagem).

O começo passa mesmo uma ideia de que será aquela estória onde a funcionária temporária e pobre tenta sabotar e puxar o tapete do gerente dela pra conseguir uma grana do CEO, que o odeia e quer vê-lo sem emprego e sem esposa. Parece bem mais do mesmo, certo? E aí vou dar um SPOILER DO BEM: Algo que se alguém tivesse me dito, eu teria dado uma chansey extra pra esse maravilhoso drama mais cedo:

A Ji-an coloca uma escuta no celular do Dong-hun, já que ela tem um amigo hacker. E aí enquanto ela colhia os podres do Dong-hun, ela descobre que apesar do cara ser um fudido, alguém desmotivado, frustrado e triste, ele é uma pessoa extremamente íntegra, correta e bondosa, incapaz de fazer mal a uma mosca. E ver isso nele, que pelo ponto de vista dela era algo inesperado, já que não lhe faltava dinheiro (o que, no ponto de vista dela, é a felicidade), isso não apenas lhe abre os horizontes, como faz ela repensar se precisa mesmo por em práticas tais sabotagens.

E aí o negócio começa a ficar interessante!

Esse drama ganhou diversos prêmios, incluindo o melhor k-drama no Baeksang Arts Awards, uma premiação fudida da Coréia. Fala muito sobre a vida como ela é, todas as frustrações e tristezas, mas também as felicidades no meio dos tumultos. As atuações são incríveis, com destaque para a IU, com sua voz suave com um sussurro, que parece massagear nossa alma. Até o Paulo Coelho assistiu e elogiou esse drama.

Como todo k-drama tem várias estórias rolando em paralelo que também nos fazem entrar em outros universos dos coadjuvantes, o que enriquece e evita focar apenas nos dois principais. A trilha sonora tem até música pra própria IU (e vou admitir que sou fã dela, gosto muito de ouvi-la no Spotify), mas o importante são as lições lindas para a vida que esse maravilhoso drama nos dá. Toda a aclamação que gerou é pouca!

Fecha logo esse blog e vai assistir essa obra prima! Tem na Netflix!
FIGHTING (파이티), como diria no drama!

Nota: 10

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