Na bruma leve das paixões que vem de dentro.


Nós somos bichos presos à nossa limitação. Até Louis Pasteur descobrir que existia vida microbiótica, invisível a olho nu, não haviam explicações precisas sobre diversos fenômenos das nossas vidas. E acho que ainda existam diversos mistérios incompreendidos da nossa percepção. Eu por exemplo não saberia explicar como sonhar com você uma noite e no dia seguinte encontrar-me contigo.

Sempre que eu te vejo são sempre em contextos bons. Seu rosto e sua imagem sempre me são tão nítidos, é algo estranho de conceber. Será que tudo ficou memorizado daquela vez que nos encontramos há quase dois anos? A promessa de aproveitar cada segundo como se fosse o último, isso parece que imprimiu em minha alma sua figura. E quando tenho saudades, o sonho acontece.

Pois nele eu podia sentir aquela sensação forte da sua presença. Eu sinto que poderia fechar os olhos que te acharia sem dificuldades, como se uma corrente invisível me atraísse até você. Era um encontro fofinho, estávamos numa larga ágora, ao ar livre, no tempo nublado como foi quando nos encontramos. Estava frio, e enquanto conversávamos, matando nossas saudades, você me acolheu em um abraço de lado.

Acho que sempre vou me perguntar o porquê de tudo isso. Por que existe algo dentro de mim que me manda acreditar? Que todas essas dificuldades são passageiras, pois não aparecerá nenhuma outra mulher que me fará sentir o que senti com você.

A verdade é que a guerra separa muitas vidas. E fico imaginando como estariam as coisas sem essa pandemia — algo equivalente a uma guerra. Um acontecimento que separou nossas vidas, e interrompeu a de tantas outras pessoas. Imaginar que a vida pode acabar subitamente em algum momento no futuro, regados pela incerteza de um futuro que não melhora. Quinhentos mil mortos e o que temos de diferente ou melhor de quem já partiu? E o que garante que não seremos os próximos nesse arrebatamento? 

Mas quando eu durmo lá está você.

Aquele vento fraco tocando nossas peles, e eu sinto seu cheiro. Bem leve, afinal você, assim como eu, não é muito de perfume. Mas o seu cheiro ficou naquele cachecol, e quando cheguei em casa senti e abracei. Acho que de vez em quando ainda consigo sentir ali o seu aroma, e não consigo deixar de fazer outra coisa do que abraçar o tecido.

Venha aqui, meu amor, entre na minha casa! Adentre montada num cavalo, com aquele seu cabelo imenso sendo levado pelo vento. Eu estarei tocando os sinos de todas as catedrais, pois eu havia sonhado com você na noite anterior, graças a um anjo que me revelou, falando baixinho para mim.

E nos encontraríamos numa manhã de domingo.

Tu vens, tu vens.
Eu já escuto os teus sinais.

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