Aquele dia que mudou tudo.


De uns anos pra cá um tema que ando consumindo muitos documentários sobre o 11 de setembro. Eu era uma criança, e lembro até hoje do Plantão do SBT com o Ratinho tentando explicar o que era aquilo que estava acontecendo. Eu, como muitas pessoas de início achava que era um acidente aéreo, afinal demorou muito até que o Osama Bin Laden admitisse a autoria do atentado. Mas a forma que aquilo tudo foi televisionado e os impactos na sociedade que vieram a seguir deixaram marcas fortes em todo mundo.

Eu lembro que eu tinha uma enciclopédia sobre a história do mundo que acabava ali na virada dos anos 1999 pra 2000. E a última imagem falava sobre o advento da tal "Globalização" com uma foto do World Trade Center e a Estátua da Liberdade. Vários professores falavam já naquela época disso. Se falava muito da ALCA, a Área de Livre Comércio entre as Américas — uma proposta do primeiro presidente Bush, que todo professor de geografia ali do ano 2000 gostava de abordar dizendo que era mais um movimento do imperialismo norte-americano.

Mas acima de tudo o mundo estava numa onda otimista. Eu morria de medo do mundo acabar, não faltavam previsões catastróficas como o bug do milênio e o apocalipse na passagem de 1999 pra 2000. Porém não acabou, e em 2001 essa criança com seus doze anos que vos fala estava bastante empolgado pelo que estava por vir.

Esses dias, além dos ótimos documentários sobre o WTC feitos tanto pela Netflix quanto pelo History Channel, eu estava buscando outros materiais no Youtube sobre. E eu achei muito doido esse mundo ao redor do que era o World Trade Center. Desde sua construção, passando pela falta de aceitação do público, o sucesso depois da apresentação na corda bamba do Philippe Petit, e os nova-iorquinos e o mundo enfim deslumbrados por tudo aquilo que significava.

Eu gosto de ver os vídeos que as pessoas gravavam passeando nas torres! O pavilhão, os andares, e o mirante lá no topo. Deve ser um negócio muito doido! Tinha até um restaurante caríssimo com vista para toda Manhattan no topo. Parece que o topo dos edifícios balançavam por conta do vento forte da região — tudo controlado e seguro, óbvio — mas ainda assim devia ser coisa de doido trabalhar lá em cima.

Acima de tudo ver esses vídeos antigos me faz pensar em como era o mundo antes disso tudo. Como eu disse no início do post, eu era criança na época que tudo aconteceu. Mas imaginar um mundo onde você poderia chegar quinze minutos antes de embarcar em um avião, comparado com as três horas que temos que chegar com antecedência hoje em dia é inimaginável. 

Eu lembro de quando fui no observatório da Willis Tower em Chicago, e tinha vários detectores de metal e uma segurança reforçada para quem subisse. Isso sem contar o elevador expresso, que era tão alto que tapava os ouvidos pela variação de pressão de seus 442 metros.

Esses lugares altos fazem o mundo parecer um lugar vazio e solitário lá de cima. Quando cheguei no topo da Willis Tower e olhei para baixo, as ruas pareciam vazias. O centro de Chicago parecia ter ninguém. Os carros eram minúsculos, e não era possível ver uma única pessoa na rua — nem mesmo formiguinhas.

Talvez fosse essa sensação de solidão que deve ter sido um dos motivos da ruína das torres gêmeas. Os Estados Unidos, sempre nessa posição infeliz de serem os "excepcionais do mundo", chegaram nesse ponto do topo onde olhavam pra baixo e tinham a mesma impressão que eu tive: não dá pra ver ninguém.

Mas não é porque você não os vê, que eles não existem. Uma pena. Se talvez houvesse mais empatia, menos imperialismo barato, mais ajuda ao mundo — e não apenas aos seus próprios bolsos — aqueles dois prédios não precisariam ter caído. Uma infeliz consequência da arrogância dos "excepcionais do mundo".

Quem sabe a gente ainda poderia ir conhecer o cockpit de um avião em voo hoje em dia.

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