Essa capacidade de criar um mundo vivendo nesse.


Meu primeiro contato com a Sia foi enquanto assistia a um episódio de um programa de calouros da Netflix, o "Sing on!". Quando eu ouvi pela primeira vez "Chandelier" sendo cantado, foi aquela coisa inexplicável que sentimos quando uma música toca nosso coração. Logo eu percebi que diversas músicas que eu adorava, como "Diamonds" da Rihanna, ou "Pretty hurts" da Beyoncé foram na verdade compostas por ela, esse gênio da música. Mas teve outras coisas que me fizeram criar admiração pela Sia também.

Eu sempre gostei de cantores e cantoras tão originais que pareciam não ser desse planeta. Michael Jackson, os Beatles, Elvis, e Amy Winehouse estão no topo da minha preferência.

De certa forma ver todo esse mundo muito único que todos eles criam ao redor de si me ajuda a perceber também esse mundo que construo com base em toda minha vivência e inquietudes. Talvez todos nós tenhamos essa capacidade, mas a gente entende que temos que crescer uma hora e abandonar tudo — ás vezes antes mesmo de poder começar a construir o mesmo.

Depois que ouvi Chandelier pela primeira vez fui atrás de quem era a Sia. Aquela música havia me tocado de uma maneira que poucas haviam, e quando descobri sua estória fiquei igualmente chocado. E vi que não havia muita coisa, exceto mistério. E isso é outra coisa que também sempre me atraiu com muita força, essas perguntas sem respostas, que fazem a gente inconscientemente tentar buscar alguma resposta dentro de nós mesmos para explicar o que existe fora.

Conheci os clipes da Sia, as coreografias magistrais da inseparável Maddie Ziegler, e uma ótima (e rara) entrevista com karaokê que ela deu pro James Corden. Quando eu conheci o lado humano dela, sua luta contra depressão e impulsos suicidas, sinto que encontrei uma amiga — mesmo ela nem tendo ideia de quem eu seja.


Se existe algo que talvez una Michael, Elvis, Amy e John Lennon sejam mortes no mínimo chocantes. Uma acontecimento tão único deles próprios que só confirma o quão únicos eles eram também em vida. E não vou negar que por um tempo temi perder a Sia. Eu mal a havia conhecido e tinha medo de perdê-la. E dessa vez seria por algo que também me abala: o suicídio.

Acho que fazer um retrato dela, além do carinho e admiração, me faz sentir mais próximo dela. Foi tão pouco tempo para que ela entrasse nesse rol dos artistas que eu mais gosto, mas acima de tudo o fator que mais os une comigo é a certeza de que seríamos amigos se eventualmente chegássemos a nos conhecer. 

Sinto que cada um no nosso mundo que desenhamos criaríamos admiração mútua por tudo o que o outro representa. Teríamos uma troca, cresceríamos juntos. Perceberíamos o quão únicos acabamos sendo por ter essa capacidade. Nos sentiríamos aceitos, pois existem outras pessoas como a gente. E exatamente por cada um viver em seu próprio mundo, sua própria esfera criada por si mesmo, com o mundo nos julgando, chamando de loucos ou doentes, aceitaríamos e nos fortaleceríamos como um todo.

Foi assim com o Michael, Elvis, John, Amy, e, agora, Sia.

E obviamente eu também.

Obrigado por existir, Sia! Com certeza essa mensagem nunca chegará a você, mas ver você bem me incentiva a também continuar trilhando essa dura vida. 

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