Livros 2022 #15 - Raízes do Brasil (1936)
Ás vezes a gente encontra por acaso umas pérolas no meio da bagunça de casa. E me surpreendi enquanto revirava umas estantes velhas, jogado ali dentro, o Raízes do Brasil, do grande historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda. Um mergulho num texto acadêmico, escrito com primazia e cuidado, que traz à tona grande parte da nossa origem, dos costumes, e valores que nos fazem ser um povo.
Sou um historiador frustrado, além de outras frustrações que tenho na vida. Por impedimento dos meus pais nunca pude correr atrás do que eu realmente queria — e embora muita gente esconde ou negue, essa é muito mais uma realidade do que um azar pessoal isolado. E a coisa que eu mais gosto de livros de história é essa capacidade de fazer a gente viajar no tempo. E entender que somos apenas um elo de uma corrente infinita, que especialmente entender o passado, nos fará prever o futuro. Afinal estamos apenas no meio de um grande ciclo, repetindo os padrões por infinitas vezes até que chega uma hora que quebramos esse ciclo e tentamos evoluir (ou acabamos regredindo, dependendo das escolhas).
Apesar de ser um livro acadêmico, não achei de leitura tão difícil. Gosto muito das reflexões do Sérgio Buarque, todas elas referenciadas bibliograficamente. Muitas me fizeram refletir bastante, especialmente no começo do livro onde ele cita bastante a nossa herança portuguesa, e como trazemos em nossos costumes grande parte de influências dos nossos papais lusitanos.
Talvez no futuro eu discorra em textos mais específicos. Aqui quero focar mais na experiência da leitura (especialmente por eu não ter formação acadêmica em História).
Embora o começo fosse muito interessante, achei difícil de terminar. Muitas vezes deixava de lado, apesar de ser bem curto. Acho que conforme o livro vai chegando na época em que foi escrito, vai ficando um pouco cansativo. O livro termina na gênese dos movimentos integralistas.
Mas acima de tudo é um livro riquíssimo para entendermos nosso passado, e dá muita felicidade em ver que existem historiadores tão completos que a Academia conseguiu formar. Gente que conhece bem nosso meio, estuda e nos presenteia com tal obra tão edificante.
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