Ciência: apenas CONFIE.
Lembro até hoje quando meu professor de arte — o saudoso e já falecido John — comentou quando aconteceu o 11 de setembro: "Esse povo tá vendo filme demais". E quem diria que a partir daquele momento talvez fosse o início de uma histeria coletiva, onde as pessoas acreditariam que estariam vivendo um filme, com teorias da conspirações, e achando que existem "informações que não querem que você saiba". Aquele atentado acho que mudou também a noção de realidade do mundo todo.
Como eu disse em postagens anteriores, comecei a fazer tratamento psiquiátrico para a depressão. Estou seguindo o que cientistas indicam: acompanhamento psiquiátrico com medicações e psicólogo pra terapia. De um lado a psicologia me ajuda a aprender a lidar com meus fantasmas, e do outro os remédios psiquiátricos trabalham em reestabelecer o equilíbrio da química cerebral.
Apesar de eu estar no começo, estou colhendo ótimos resultados: enfim estou tendo noites de sono revitalizantes como talvez eu não tinha há uns quinze anos, e durante o dia não sinto vontade de ficar o dia inteiro na cama!
Ao sentir as primeira benesses do tratamento, senti que poderia compartilhar com algumas pessoas para encorajá-las a procurar um bom psiquiatra pelo menos! O que eu mais tenho são amigos com problemas mentais, de ansiedade a depressão. E com a maioria foi muito enriquecedor! A depressão é muito causada por desregulação da delicada química do cérebro. E quando temos medicamentos, criados e testados por cientistas, usando o método científico, não tem motivo para não tentar.
Depois de uma pandemia, com tanta gente sendo vacinada, quero acreditar que as pessoas voltaram a acreditar no trabalho sério de cientistas, e não achando que a vida é um filme de conspirações onde buscamos a resposta em mensagens de whatsapp duvidosas.
Mas nem com todos foi assim.
Eu tenho uma amiga que sofre muito com ansiedade. Ela nunca escondeu, comenta nos stories das redes sociais quando tem crises feias, e pensando em tentar dar uma fagulha de esperança para que ela supere, e pare de tentar segurar no braço a condição mental, comentei dos primeiros resultados promissores dos dois tratamentos.
E o que ela me respondeu me deu um bocado de medo. Ela me disse que já tinha sido receitado os medicamentos para controle de ansiedade, mas ela optou não tomar. Disse que os antidepressivos ajudam sim, mas no início do tratamento "costuma piorar". Disse algo sobre a pessoa tomar por seis meses e depois tirar, disse sobre recaídas, e tomar pelo resto da vida.
No fim o que mais me chocou foi a mudança do discurso dela: "o que melhora reincidência de ansiedade é terapia e exercícios, remédio nenhum cura".
Essa amiga endossa conspirações, e entre elas está a da tal "indústria farmacêutica querendo deixar todo mundo dependente sem curar ninguém", quando isso é muito superficial e parece desmerecer o esforço de anos de cientistas por detrás de cada medicamento que tomamos. É óbvio que existe uma indústria que busca lucros, mas existem também órgãos rigorosos no país como a ANVISA, e patentes que se quebram em vinte anos, nos presenteando com os genéricos.
Eu fiquei anos sofrendo com depressão. E é verdade que eu estou no começo do tratamento, ainda existem dias que eu fico péssimo e deprimido (hoje, por exemplo). Mas tenho muita dó dessas pessoas que mesmo tendo acesso a algum tipo de tratamento, ficam anos de sofrimento interminável, querendo segurar pela coleira uma coisa tão complicada como depressão — uma doença como outra qualquer, como um resfriado ou disenteria.
Ficar acreditando que a vida é uma conspiração, que existem "forças invisíveis nos controlando", ou pior: "que existem pessoas que sabem o que o povo não quer saber" é como disse o meu professor ao ver o ataque às Torres Gêmeas em 2001 pra mim: Esse povo tá vendo muito filme.
E aí o que é uma peça de entretenimento, as pessoas começam a achar que estão mergulhadas naquilo na vida real. E começam a desconfiar de trabalhos científicos sérios, em séculos avanços da medicina, ou por um medo bobo de se viciar em uma medicação, sendo que você está sendo acompanhado por um profissional.
Dê uma chance pra medicamentos, pesquise fontes confiáveis sobre, e tente não colocar crenças emotivas na frente da razão. Ás vezes é uma coisa super simples e barata de tratar, como minha forte depressão, mas a gente fica com essas crenças limitantes sobre tudo que não nos leva a lugar nenhum.
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