É a segunda copa que eu não assisto. E acho que você também não deveria assistir.

Copa do mundo. Aquele campeonato mergulhado em máfia da FIFA, onde jogadores milionários que jogam em clubes europeus voltam para seus países e formam times onde muitas vezes o único que joga é o único ali da nação que participa da Champions League. Desde o 7x1 eu não dou audiência para a copa do mundo, pois eu vi ali que mesmo o time brasileiro tendo craques, falta o básico: assessoria psicológica. E se não arrumarem isso, a sexta estrela nunca virá.

Uma das coisas que mais me revoltaram na última copa que assisti — a sediada no Brasil em 2014 — eram os jogadores depois de uma vitória se jogarem no gramado e começarem a cair nos prantos. Que fique claro que eu não sou contra ninguém chorar, quem sou eu pra criticar isso? Eu sou o maior chorão, e não tenho vergonha nenhuma disso. Mas o que me incomodava profundamente ao ver aqueles jogadores caindo em choro em rede nacional era que aquilo era um sinal bem claro de estarem sofrendo uma pressão psicológica sem limites. Uma coisa que seria atenuada, se não eliminada, com um simples apoio psicológico.

Levar médicos, equipe técnica, fisioterapeutas, estrategistas, ou sei lá mais quem a CBF banca parece um pacote básico. Mas falta algo tão essencial quanto isso que são psicólogos e psiquiatras.

Ninguém tem dúvidas das capacidade futebolísticas. Mas de nada adianta ter o talento que tiver, se você se sente abalado, amedrontado, pressionado, e isso afeta você dentro de campo. O acompanhamento psicológico tem que começar o mais cedo possível, e técnicos como Tite têm que entender que isso também tem que ser essencial. É muita pressão, se você não saber administrar, não vai acontecer o futebol.

Foi o erro de 2014, 2018, e agora 2022.

Isso me lembrou de um campeonato de Rainbow Six Siege, um jogo de tiro online, onde o time feminino da Red Wolf, que creio que era um time pequeno, ganhou da Black Dragon, um time tradicional e cheio de títulos. Enquanto eu assistia a partida, ficava impressionado como a Black Dragon chegava a ficar no match point, a apenas um ponto de ganhar o round, e as meninas da Red Wolf não apenas recuperavam, como faziam o ponto final e sempre ganhavam, mesmo nas situações mais difíceis.

Eu lembro que vi a entrevista delas, e elas falavam da questão psicológica, que elas tinham esse tipo de assessoria, e por conta disso sabiam controlar a ansiedade a ponto de virar um jogo que sempre estava por um triz. Jogar cada round sem pensar que estavam prestes a perder, aproveitarem os deslizes das adversárias que estavam querendo aquele ponto a todo o custo, e ir galgando rumo à vitória.

Imagina se quando o Neil Armstrong pousasse na lua com o Buzz Aldrin e o Michael Collins, e ele começasse a chorar pensando que não sabe se conseguiria voltar à Terra, que estava a milhões de quilômetros de casa, etc? A gente tem que se emocionar vendo um filme, lendo um livro, assistindo a um casamento. Não enquanto realiza algo onde as emoções podem te fazer perder o norte, seja ao pousar na Lua, seja nas quartas de final de uma copa do mundo.

E no último jogo da seleção que eu vi, o 7x1 eu via essa falta do amparo psicológico. Já no quarto gol da Alemanha o time murchou e praticamente desistiu ali. Qual seria a função de um psicólogo? Deixá-los cientes que ainda havia partida. Que eles tinham toda a capacidade para virar.

Vamos supor que mesmo que a Alemanha estivesse, sei lá, no quarto gol. Um quatro a zero pode ser virado? Nesse momento que a assessoria psicológica entraria: o quarto gol foi tomado apenas aos 26 minutos do primeiro tempo. Ainda tinha MUITO jogo pela frente. Os jogadores brasileiros estariam com frieza e confiança para irem caminhando rumo a virada. Que cada jogada ali devia ser pensada como disse as meninas da Red Wolf: cada round deve ser jogado sem pensar no placar geral.

A tática apareceria, e iria se sobressair no lugar do talento. Porque nessas horas que você está abalado, talento nenhum vai te ajudar. Você precisa ter a cabeça no lugar e saber mudar de tática, prestar atenção no padrão do adversário, testar coisas novas, mas nada disso você consegue se estiver na euforia ou ansiedade, pensando nos milhões que estão te assistindo e torcendo, nas críticas que receberá da imprensa, ou na reputação. 

E isso tudo só é possível com psicólogos tendo tanta importância quanto os médicos, técnicos, e fisioterapeutas da seleção brasileira.

E termino reiterando: o hexa NUNCA virá enquanto a questão psicológica continuar sendo negligenciada. E eu também não vou perder meu tempo assistindo copa do mundo. E acho que você, brasileiro, por mais que goste de ser dispensado do trabalho, acho que deveria pressionar por isso também se no seu caso aquela taça idiota ser erguida é algo tão importante que vai "mudar sua vida".

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