A década de serviço.


Há quase dez anos eu ganhava meu Motorola Moto X, da primeira geração. Na época um aparelho top de linha, mas hoje nem mesmo existe a linha Moto X. Depois de dez anos de uso, a bateria estava pra lá de viciada, ele não aguentava poucas horas de uso longe da tomada. Tinha que levar sempre o carregador comigo. Os aplicativos, mesmo os de redes sociais, que antes chegavam ao no máximo cem megas, hoje já beiram os gigabytes. Queria prestar aqui meu agradecimento a ele nesse post.

Na época eu o achava bem grande, e do alto dos seus doze centímetros e meio por seis e meio de largura, ainda era confortável, apesar de eu ter dificuldades de digitar coisas com meus dedos de linguiça. Ele tinha algumas funcionalidades que hoje devem estar ainda nos de maiores valores da Motorola — mas pessoalmente, não faziam muita diferença.

Com esse celular conversei muito, com muitas pessoas. Gravei timelapses das minhas artes — o qual ainda vou usá-lo para tal. Não cheguei a jogar muito, mas assisti muito ao Youtube nele. Um celular que acho que se nesses dez anos eu o derrubei menos de dez vezes no chão foi muito. Mesmo com ele sendo bem ultrapassado, quando eu saía raramente o usava na rua, por medo de atrair ladrões. E por dez anos me sinto protegido por ele nunca ter sido roubado.

Tive que trocá-lo nem tanto pelo uso — tenho tentado limitar cada vez mais o uso de redes sociais — mas por diversos aplicativos estarem começando a não serem atualizados para o sistema dele, o Android Lollipop (5.0). Muitas coisas estavam ou com o desempenho prejudicado, ou eu era obrigado a usar a versão Lite dos aplicativos, que geralmente é muito limitada. Hoje, dez anos depois, já estamos no Android Tiramisu, o 13.0.

Como gosto da Motorola, do acabamento, da tela, da qualidade do aparelho, optei pelo Motorola e32. Um modelo bem básico, mas depois de dez anos do Moto X, parece uma Ferrari em comparação. Não tenho condições para comprar o Moto Edge 30, mas pelos poucos dias de uso do e32, já estou bastante satisfeito.

Nesse mundo regido pela obsolescência programada, onde o tempo útil das coisas que compramos é cada vez mais curta, ficar com um celular assim por tanto tempo foi no mínimo um desafio. Mas foi também um grande aprendizado. Aprender a questionar a maneira como consome e usa, saber ter mais gratidão por poder possuir algo, e, exatamente por ele ter ficado tão ruinzinho, e com uma bateria que dura tão pouco, saber enxergar mais o mundo que está por detrás dessa tela, desse aparelhinho que tanto viciou a humanidade na contemporaneidade. 

Muito obrigado por tudo, meu velho Moto X! Você foi um grande celular.

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