Livros 2023 #8 - Frio bastante para nevar (2023)


Volta e meia a gente esbarra em livros que a gente não gosta muito. Acontece, faz parte da vida. A obra não me pegou, achei muito cansativa, muito introspectiva. Se fosse uma leitura solitária seria deixada de lado. Mas ainda bem que eu faço parte de um maravilhoso clube do livro, onde pude ouvir outras opiniões, e ver esse livro por outro ponto de vista que enriqueceu muito. Especialmente tirando parte do asco que acabei criando.

Achei bem cansativo a obra "Frio o bastante para nevar", da australiana Jessica Au. O livro narra a trajetória da narradora, uma chinesa de Hong Kong, e sua mãe. Existem muitas partes que se passam no Japão, mas mostram também a interação com outros personagens ao desenvolve da trama.

É uma obra muito introspectiva. E curioso que isso, no geral, não me incomoda tanto. Vide o amor que tenho pela Joan Didion e Elena Ferrante. Mas Jessica Au narra as coisas de um jeito muito cansativo, com vícios de linguagem, enquanto a personagem observa sua mãe fazendo coisas corriqueiras. 

Várias passagens eram assim, por exemplo: a mãe está vendo a paisagem através de uma janela. Mas ela começa a divagar sobre aquilo de um jeito enquanto observa a mãe, pensando na vida dela em Hong Kong, as coisas que ela passou, o que ela estaria se recordando enquanto olhava aquela paisagem, e aí ela relembra coisas dela mesma, e um assunto vai puxando o outro quando a mãe só estava talvez apreciando a paisagem.

E isso achava tão cansativo, meu deus do céu. O livro não parecia avançar, não tinha começo nem fim, tudo parecia muito largado e confuso.

No entanto, como disse, fazer parte de um clube do livro me fez ver várias coisas que eu não consegui enxergar. Como a distância que a protagonista tem de sua mãe, parte da cultura dos países do leste asiático. Ao mesmo tempo as coisas que ela vê na sua mãe, especialmente quando ela reflete sobre o passado da mesma, parecem ir de encontro com as coisas que a protagonista passa no presente, suas incertezas e inseguranças. E a beleza desse livro está aí, na tentativa da filha de não apenas se aproximar da mãe, mas de entendê-la, e colocar-se em seu lugar.

Vou confessar que tenho um preconceito bem besta com pessoas desses países ricos de primeiro mundo, como Hong Kong, Cingapura, Japão, etc. Eu brinco dizendo que os problemas deles se resumem quando algum familiar adoece. Não é como nós, de países pobres, que além de lidar com doenças de nossos entes queridos, ainda temos desigualdade social, violência, racismo, machismo, impunidade, etc. 

E quando leio pessoas desses países reclamando da vida, me parecem aquelas pessoas que jogam um jogo na dificuldade fácil e não conseguem passar as fases. Eu não consigo ter empatia com um povo em um país onde tudo funciona, e o único problemas deles é as pessoas morrerem de velhice ou adoecerem. Não consegui desenvolver empatia, sinto muito.

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