Livros 2024 #18 - Crônica de uma morte anunciada (1981)

Quando vou ler um livro de um vencedor do Nobel de literatura tenho o péssimo hábito de ir cheio de expectativas. Alguns entregam até mais, como a Annie Ernaux, mas outros escrevem obras péssimas, como o Mario Vargas Llosa, ou Orhan Pamuk. Essa não é a obra prima do Gabriel García Marquez, mas vou adiantar que achei um livro excelente, esse entregou!

O livro se desenvolve em volta do assassinato de Santiago Nasar, que desde o começo tem sua morte anunciada. Sobrevivendo apenas ao primeiro capítulo, não tem como detestá-lo logo de começo: um sujeito mimado, rico, que tentava sempre passar uma imagem de cara bom e íntegro, mas existiam diversas pessoas que o odiavam. E ao longo do livro essa máscara de bom moço cai.

Depois que ele é morto, o livro começa a contar as histórias de todos os personagens à sua volta, através de várias reconstituições num estilo bem jornalístico, como se tentasse reconstruir toda a cena ouvindo todas as pessoas ali envolvidas. A gente descobre a motivação de cada pessoa ali com sua relação com Santiago Nasar, inclusive a reconstituição do dia da morte sob o ponto de vista de todos: da vítima, dos assassinos, dos cúmplices, e dos mandantes.

Contendo muitos personagens, esse livro é aquela curtinho que toda vez que você reler vai perceber algo novo. A história me prendeu muito, mesmo que muitos detalhes tivessem passado, eventualmente.

Por se passar em uma vilarejo na costa caribenha, temos muitos dos elementos latinos presentes lá. Fiquei impressionado na quantidade de atitudes machistas dos personagens, existe muita violência, olho-por-olho, vingança, isso sem contar na questão da "honra das mulheres" — aquela babaquice atrelada à virgindade, sendo bem específico.

Dando uma googlada aqui descobri que é inspirado em um crime real que aconteceu na Colômbia mas não precisa ir muito longe, pois a gente sabe que até aqui no Brasil esse tipo de crime acontece até hoje.

Em suma um livro que me divertiu, tive uma ótima primeira experiência com García Marquez, agora quero ler outras obras desse fera.