Alice no País das Maravilhas dentro de Amber


Como sou eu quem está escrevendo Amber, achei que seria legal ter referências a coisas que eu gosto muito. Sou super fã de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. A obra original, não aquele negócio que a Disney ou Tim Burton distorceram. E Alice sempre foi uma história que rendeu muitas versões e homenagens, seja no cinema, livros, tevê, ou qualquer outra mídia. E não podia deixar de passar agora que estou escrevendo meu livro!

Acho que todos sacaram que o nome da Alice não é em vão. Lá no começo da história, quando ela ainda era a órfã Tariro no Sudoeste Africano Alemão em plena Primeira Guerra Mundial, deu pra perceber que adotar o nome "Alice" era uma forma de deixar aquele passado e começar uma vida nova nas Europa. E desde aquele momento queria fazer um mash-up entre a obra de Carroll e a minha obra, só precisava desenvolver melhor os personagens e joga-los numa trama mais envolvente. Amber foi crescendo e enfim chegamos ao estopim da Segunda Guerra Mundial, a invasão da Polônia, e então resolvi começar com essa releitura do Carroll na minha obra!

Obviamente não cheguei a contar toda a história de Alice no País das Maravilhas original. Mas como já estamos por volta do quarto capítulo de Alice, achei que seria legal começar fazendo uma primeira parte das referências, indicando os personagens, adaptações e tudo mais.

Sempre achei Alice no País das Maravilhas uma obra extremamente versátil. E acho que poucos tentaram jogar esse conto tão admirado por gerações em um romance na Segunda Guerra Mundial. O mundo conheceu várias versões de Alice, seja em mangás japoneses, até em seriados da HBO (que é muito bom, por sinal. E tem peitinhos).

Vou citando os personagens principais e os equivalentes deles na obra carrolliana:


Alice
A protagonista obviamente, é a Alice Briegel. Na verdade ela é a única que realmente tem uma ligação mais forte com a personagem original, e que ajuda a não se perder no meio de tantos personagens da obra de Lewis Carroll. Depois de ler a obra original eu vi que a Alice original não tem muito a ver com a popular Alice da Disney. Alice, apesar de uma criança, é uma pessoa bem esperta, meio mal-criada, mas incrivelmente forte, mas de uma forma sutil. Achei que esses aspectos tinham todos a ver com a Alice Briegel, e transportei pra essa releitura que estou fazendo.

Acredito que a Alice de Carroll tenha apesar de muita personalidade, uma espécie de aversão pelo mal. Uma ética imutável acima de tudo. Ela não faz mal a ninguém, e mesmo quando é obrigada a agir de maneira mais firme, se repreende (como no final do livro, quando ela está sendo julgada). Acho que a maior característica é uma falsa inocência, pois Alice é extremamente inteligente e capaz, sabe exatamente o que acontece no mundo ao redor, mas muitas vezes prefere acreditar que está vivendo num conto de fadas onde tudo é lindo e perfeito do que encarar a realidade nua e crua. Isso sempre foi a base da Alice Briegel, e deu em diversos momentos pra brincar com isso, como no capítulo em que ela é obrigada a matar uma pessoa pra proteger Kabanos.

Muitas coisas acontecem e não tem como mostrar de forma literal. Se você parar pra pensar, a obra de Carroll é basicamente centrada na busca pelo Coelho Branco por parte de Alice, que é o que faz ela entrar na toca do coelho e onde toda a magia acontece. Aqui não é diferente. Tive que sumir com o Briegel (que seria o Coelho Branco) e fazer Alice Briegel entrar na toca do coelho (que seria a Polônia sendo invadida pelos nazistas). Assim como na história original, Alice está em busca de respostas, e acha que apenas o Coelho Branco é capaz de sana-las. Com Alice Briegel não é diferente, afinal não é todo dia que seu pai some sem deixar pistas, e as únicas pistas levam para o meio da Polônia sendo subjugada pela Alemanha de Hitler.

A luta contra Sundermann ainda é meio que a queda, pois associei a queda ao imenso furacão de coisas que mudariam a visão que Alice Briegel teria do mundo. Alice Briegel não é inocente. Mas uma coisa na vida é a gente ter uma noção que na vida real acontece de uma maneira, mas outra totalmente diferente é você vivenciar isso e perder a pureza.

As passagens onde Alice cresce ou diminui eu usei alusões como "criar coragem" ou "se contentar com o que se tem", respectivamente.

A passagem do "Beba-me" é simbolizado por Alice vendo todas as pessoas fugindo para a liberdade (no caso, Romênia) enquanto ela tem que seguir em frente, para Varsóvia, onde está Kovac. Liesl brinca, escrevendo "Beba-me" na última garrafa de cerveja que oferece pra amiga. A mesma coisa no bolo do "Coma-me" em que ela cresce: o bolo aqui é totalmente figurativo. O "bolo" que faz Alice crescer é ver Kabanos prestes a ser morto e Liesl nem ninguém com coragem de defendê-lo.

Ah, qual é! Ia ficar muito óbvio! Coisas óbvias ás vezes é legal, mas se for repetitivo fica péssimo. O resto das passagens vou explicando conforme vou apresentando o equivalente de cada personagem:


Coelho Branco
Outro personagem essencial da história de Alice no País das Maravilhas é o Coelho Branco. Eu já estava querendo dar um sumiço no Briegel há um tempo pra desenvolver mais a relação da Alice com a Liesl, e achei esse momento totalmente oportuno.

Na obra original de Carroll, Alice fica perseguindo o coelho no País das Maravilhas. E tecnicamente ela só o encontra mais ou menos perto do fim da história, no Campo de Croquê da Rainha. Apesar de Roland Briegel não participar diretamente dessa parte, a relação é idêntica aqui: ele sempre solta migalhas, pequenas pistas, e Alice Briegel (junto de Liesl e quem mais esteja junto) vai sempre atrás. Mesmo que isso signifique entrar no verdadeiro inferno.

Mas onde raios está Roland Briegel de facto? Óbvio que no momento não vou revelar! Vamos ver no que vai dar!


Dinah, a gata
Quando estava bolando essa parte da estória eu fiquei muito encucado em que parte a Liesl se encaixaria. Afinal seria meio insano jogar a Alice sozinha e achar que ela fosse sobreviver sem nenhuma habilidade em nada (mesmo sendo o filho de quem ela é).

Sem Briegel, sem Schultz e sem ninguém, o único laço que ela tinha era a amizade da Liesl. E existe um personagem que é citado em Alice entrar no País das Maravilhas que, mesmo que não apareça, achei que encaixava perfeitamente como a parceira perfeita da Alice Briegel também. Ok, no livro ela não aparece nesse prólogo, mas no desenho da Disney sim. Então, usando uma licença poética eu coloquei a Liesl como a gatinha Dinah.

A gatinha Dinah na minha opinião é a ligação que Alice tem com o mundo real. No fundo é a única personagem no mundo real (exceto Alice, obviamente) que existe de facto. E Liesl tem o mesmo papel. Ao mesmo tempo existem muitas cenas no livro em que Alice é salva exatamente por citar sua gata, fazendo muitas pessoas terem medo. Liesl é também meio que a guardiã de Alice, já que ela tem mais habilidades de luta e espionagem, uma vez que foi treinada pelo Roland Briegel.

Porém a Dinah mesmo só aparece de verdade na continuação, que é Alice através do espelho.


Camundongo
Na história original quando Alice está afogada na Lagoa de Lágrimas, ela retorna ao seu tamanho usando um leque deixado pelo Coelho Branco e depois salva do afogamento por um simpático ratinho que a levou até a terra firme. O camundongo aqui é Anastazja, e o leque são as informações sobre o paradeiro de Briegel que ela acha depois de codificar manualmente um trecho das comunicações criptografadas nazistas pelo Enigma (que realmente existiu).

O camundongo é meio malvado e meio cuzão no original, mas Anastazja é na verdade meio perdida no meio de toda a bagunça, mesmo sendo incrivelmente inteligente.


Pato Dodô
Logo depois que Alice é salva do afogamento na lagoa criada pelas suas próprias lágrimas, ela encontra um pato Dodô e mais vários outros pássaros com quem ela tem uma conversa. Uma vez que estavam todos molhados, eles resolvem apostar uma corrida para se secarem, a famosa Corrida em Comitê (Caucus-race, em inglês).

Acontece que embora no livro de Carroll ele brinque com o termo fazendo eles realizem uma corrida literalmente, o termo Caucus-race tem uma origem diferente. O termo se originou nos Estados Unidos, e se refere a uma reunião de líderes de uma facção sobre a indicação de alguém para ser um candidato ou político. E se você parar pra pensar é exatamente isso que acontece quando Oskar Dirlewanger aparece (que acho que não preciso esconder que ele é o Dodô). Todos os outros subordinados não gostam muito dele, mas ele quer por cima de tudo pegar Kovac pra que possa usar ele como espólio em troca de ter sua própria brigada dentro do exército de Hitler.

O Dodô, assim como Dirlewanger, é bem ignorante e presunçoso. E abusa da boa vontade de Alice diversas vezes.

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Enfim, apenas estamos no começo de Alice no País das Maravilhas sendo transportado pra Amber. :)

Será que você consegue arriscar quem vai ser a Lagarta maconheira, o Gato de Cheshire e a Rainha de Copas? Afinal o Chapeleiro Louco acho que todo mundo já sabe exatamente quem vai ser, hehehe.

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