Livros 2021 #13 - Devassos no paraíso (1986)


Eu estava morrendo de vontade de ir à biblioteca! E ao visitar a biblioteca do Sesc Avenida Paulista (que agora funciona dentro dos protocolos sanitários e com horário agendado para não haver aglomeração), vi que estava rolando outra edição do "Alerta de Spoiler", um evento onde escolhemos livros baseados apenas em uma revelação do enredo sem que tenhamos a mínima noção de que livro é. Tive a sorte de pegar o pacote contendo a obra magnífica de João Silvério Trevisan, o livro Devassos no paraíso - A homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Que sorte foi poder ter conhecido esse livro!

Esse livro é um apanhado histórico da trajetória da comunidade LGBTQI+ no Brasil. Talvez pelo autor do livro ser um homem gay, parece que 80% do livro trata sobre o "G" do LGBTQI+. Existem algumas pinceladas em outros assuntos, mas o forte mesmo é sobre a comunidade gay brasileira (que ele usa a versão aportuguesada "guei" no lugar de "gay"). Mas nem por isso perde sua qualidade: eu não tinha noção de quase nada do que o livro mostra. Talvez por um pouco de "ignorância hétero" sobre o assunto. 

A obra é rica em diversos aspectos: como por exemplo o facto do livro ser escrito por um autor gay, mostrando diversos pontos de vista, em inúmeros momentos históricos, a trajetória de uma comunidade que basicamente se esconde — por motivos de sobrevivência mesmo, uma vez que a sociedade não os aceita — deve ter sido um desafio monstruoso compilar todos esses dados.

Mas João Silvério Trevisan faz isso de uma maneira genial. Quando ele se propõe a fazer um apanhado histórico, ele traz à tona documentos, depoimentos, estórias, dados, de uma forma organizada e muito bem reunida, unindo a ótima pesquisa com uma capacidade incrível de escrita. Igual aos elogios que teci ao Laurentino Gomes. Ver jornalistas fazendo tais livros é algo que dá gosto de ler. Especialmente para pessoas como eu, que não possuem expertise pra absorver conhecimento muito acadêmico.

Seu texto começa sempre com alguma referência conhecida, alguma estória curiosa, que atiça a gente a querer ler mais. Depois de lançar a curiosidade, ele consegue rapidamente fazer a ponte com o assunto que vai tratar naquele capítulo. Ler o livro é quase como ver um episódio de "Os Simpsons", onde começa com uma coisa meio nada a ver, mas que indiretamente se liga ao assunto principal que será tratado a seguir. Minha única crítica são aos títulos dos capítulos. Alguns eu não consegui pegar a referência, o que fazia o índice ser meio inútil, pois eu não conseguia lembrar do que se tratava muitas vezes apenas pegando o título do capítulo.

Mesmo com toda a metodologia e rigidez ao tratar o tema, gosto muito quando o autor usa termos próprios da cultura gay no meio da seriedade que um livro histórico exige, para também nos fazer questionar nosso próprio repertório: palavras como "bichice", "desmunhecar", "bofe", entre outros. Afinal até onde vai o nosso preconceito para não aceitar essas palavras que esse grupo de pessoas usam e não considerar seu profundo e marcante significado que os ajudam a definir seu estilo de vida? Achei muito ousado e perspicaz por parte do autor usar esse artifício em seu magnífico texto. 

O livro já começa com tudo. Logo no seu começo, depois de uma introdução incrível, onde aborda um pouco de tudo: o conservadorismo brasileiro, o preconceito, e o facto de apesar de tudo isso a homossexualidade estar presente e muito mais viva na sociedade do que se imagina. A parte seguinte contém várias estórias individuais que abriu completamente meus olhos sobre como se é vivenciado a homossexualidade.

Vou ser sincero que de início me chocou bastante. E isso mostra o quão inocente eu sou para o mundo! Achei muito bom o autor colocar tais estórias mais apimentadas logo no começo do livro, pois é uma maneira incrível de mergulharmos no que move as pessoas gays antes de partirmos para os factos históricos. Na minha ingenuidade hétero eu nunca imaginei que, por exemplo, gays tivessem tanta libido. Duas estórias ali abriram muito a minha mente: primeiro, a do argentino Tulio Carella e do irlandês Roger Casement.

O argentino Carella foi um dramaturgo, casado, abstêmio, que foi para o Recife em 1961-2 para dar aulas na escola de teatro de uma universidade local. Seus diários revelam como um cara acaba se transformando radicalmente dentro da sua sexualidade, se vendo como gay, e vivendo todo o ardor da sua volúpia ao máximo. Ele relata de maneira bem apimentada esses diversos encontros com outros homens, e existem diversos trechos desses seus diários no livro. Sua fissura pelos negros pernambucanos, com descrição bem precisa de seus corpos, genitálias, as cantadas, as sensações das relações, são de uma beleza e admiração que independente de ser hétero ou não, não tem como não se admirar (e no meu caso, até se surpreender).

O outro caso que me chamou a atenção foi do irlandês Robert Casement, que chegou a ser cônsul-geral inglês no Brasil, me deixou ainda mais surpreso. Como diplomata teve uma carreira ilibada: levou ao seu governo informações sobre desrespeito aos direitos humanos em diversos locais onde trabalhou, e ganhou o título de "sir" em 1911. Seu respeito pela Inglaterra acabou quando ele se envolveu na Revolta da Páscoa, uma das rebeliões da Irlanda contra o domínio da Inglaterra. Por conta disso foi condenado e enforcado. Seu julgamento foi ainda mais emblemático pois foram revelados seus diários íntimos, onde ele relatava durante sua estadia no Brasil inúmeros casos homossexuais. E nesses diários estava tudo registrado, como valores que ele pagava aos rapazes, até detalhes das relações, definidas como "estocadas fundas" ou o tamanho da jereba dos homens.

Uma das coisas que mais foram valiosas enquanto lia esses (e outros diversos) depoimentos e estórias, é como a sexualidade homo funciona. Talvez a ala fundamentalista diga que é imoral, pecaminosa, suja, mas tudo o que eu via eram indivíduos em busca de seu prazer, do que os fazem felizes, da mesma forma quanto eu, ou qualquer outra pessoa hétero faz. Claro que existe um quê de submissão, de agressividade, de uma libido exarcebada, mas acho que talvez seja a minha inocência mesmo de não ter noção de que são práticas comuns, que acontecem em todos os lugares e a todos os momentos, assim como relações hétero.

O apetite é o mesmo, só muda o objeto do desejo, se você parar pra pensar. Chega a não fazer sentido o porquê de relações hétero serem incentivadas enquanto relações homo não.

Eu não sou uma pessoa que transa muito. Então me falta muito conhecimento da causa, hahaha. Por isso quando vejo estórias sexuais das pessoas, isso é uma coisa que choca, no geral. Eu penso que pessoas tem uma vida sexual como a minha, que passo anos sem transar e não sinto falta. Tenho inocência de imaginar que as pessoas estão numa putaria louca no mundo real, hahaha. E que isso é normal, o anormal sou eu que não transo.

Mas nunca senti preconceito enquanto lia. Era mais mesmo a sensação de um conhecimento novo — algo que eu, por gostar de mulheres, não conseguiria ter tal vivência. E isso tudo me fazia entender a beleza das relações homossexuais: do jeito delas são expressões de uma comunidade de pessoas que nasceram assim, e encontram no sexo a realização de seu desejo e prazer. Só que no caso, são com pessoas do mesmo sexo.

E isso tudo no fundo é algo muito bonito de se ver! O mundo é um lugar diverso e rico, e é muito bom quando conseguimos enriquecer com acesso a vivências que estão longe do nosso limitado ponto de vista.

Depois desses capítulos iniciais o livro enfim entra na história. Tudo é escrito e referenciado com bastante afinco pelo autor. Como leitor, acho que existem ali três termos-chave que mostram o avançar do tempo e da infeliz perseguição contra homossexuais: uranistas, pederastas e gays.

Nesse primeiro pedaço, que vai da descoberta do Brasil, até sua Independência, o termo mais usado é "uranista". A origem vem de Platão, onde ele afirmava que o amor de Vênus Urânia, um epíteto da deusa Afrodite, era o "amor compartilhado pelos machos". Uranista é um sinônimo para gay, assim como pederasta. E Trevisan mostra com diversos documentos históricos de como era a vida de degredados por sua sexualidade aqui no Brasil, chegando até à Inquisição, onde haviam denúncias, punições, e morte por conta de serem homossexuais.

Depois disso vem uma parte incrível onde o autor nos mostra os constantes esforços da elite brasileira em querer suprimir a homossexualidade. A gente vê a evolução das constituições e leis, o higienismo aplicado no Brasil contra os LGBTQI+, e no século XIX onde aparece o termo nojento da "doença": o homossexualismo. É revoltante ver como tentaram criar maneiras de tentar "curar" o que era considerado um desvio, como ao mesmo tempo de tentar descobrir o que poderia "causar" isso. Algo inimaginável nos tempos atuais.

Tem um capítulo muito bem escrito com dois casos emblemáticos para ilustrar esse último ponto que citei: as vidas de Febrônio Índio do Brasil, e Roosevelt Antônio Chrysóstomo de Oliveira. O primeiro, um homem com diversas passagens pela polícia por estupros e mortes de homens e jovens com quem ele tinha relações — onde seu desejo inato pelo mesmo sexo infelizmente batia de frente com a culpa e moral da sociedade, que o fazia agredir e matar seus parceiros por ele mesmo não aceitar sua própria sexualidade. Preso em um manicômio por 57 anos, Febrônio foi vítima de um tratamento psiquiátrico que deteriorou seu cérebro de maneira irreparável, que o deixou sequelado por toda sua vida, onde sua "doença" era sua homossexualidade.

E o caso do Chrysóstomo, um jornalista da revista Lampião (cujo o Trevisan também fez parte), em 1979 adotou uma menina de três anos, a Cláudia, cuja mãe era deficiente intelectual e ficava mendigando na porta do prédio onde ele trabalhava no Rio. Abertamente gay, e agora com uma criança adotada, acabou causando um furor entre as "pessoas da família tradicional" de seu prédio. Isso fez com que surgisse um boato sem prova alguma de que ele abusava sexualmente da criança. Sem chance de poder se defender justamente, com a mídia o crucificando, teve a carreira destruída, foi alvo de calúnias e difamações horríveis, e foi preso injustamente e acusado de pedofilia — que para muitos idiotas tradicionalistas é algo que anda junto com a homossexualidade. Uma fake news o matou, mas o preconceito contra sua sexualidade foi o que o levou até a morte.

Outro caso que é citado logo após esse, é o famigerado caso da Escola de Educação Infantil Base, em 1994. Um caso onde fake news, mais o ódio e preconceito da sociedade contra pessoas gays, pode causar danos irreversíveis a uma comunidade inteira.

O meu capítulo preferido do livro é "O escândalo dos índios homossexuais". Nesse capítulo o autor nos dá um aparato sem igual de como é rica a sexualidade indígena, uma vez que é uma sociedade sem a moral judaico-cristã ocidental. Ele dá diversos exemplos de várias tribos, mas vou me ater no que mais me impressionou: os índios Krahô, no Tocantins, que vivem uma sexualidade totalmente livre e sem preconceitos: fossem em relações hétero, ou relações homo.

Graças à inestimável pesquisa do filósofo Sérgio Augusto Domingues, seu depoimento mostra um mundo onde é difícil de imaginarmos: homens índios carinhosos e afetivos, com seus espaços delimitados (homens num lugar e mulheres em outro), e uma naturalidade das relações onde o que importava era ter vontade e o aval para a relação acontecer. Quando um homem recebe convite para "fazer cunin", era quando iam para algum matagal e fazer relações ali mesmo, onde apenas havia o puro e simples desejo. Exatamente como funciona na natureza. E os índios mais "afeminados" não sofriam nenhuma discriminação, pois todos os homens faziam sexo entre si naturalmente. E o "índio mais afeminado" era amado por ser descontraído e bem humorado, e tinha suas funções dentro da tribo também como qualquer outro. Alguém acolhido e amado por todos, independente dos trejeitos.

Outra coisa que eu não tinha ideia era de como o travestismo nasceu dentro da teatro, especialmente na época em que mulheres eram proibidas de serem atrizes. O embrião do que hoje lota casas de show nasceu ali, com atores se fantasiando de mulheres e performando ao público.

O livro chega aos anos setenta, onde três ícones da cultura gay ascendem: Caetano Veloso, o grupo teatral Dzi Croquettes, e o visionário Ney Matogrosso. O autor trata esse último com bastante carinho, mostrando o quanto chocou na época um artista como ele: com toda aquela aparência máscula, cheia de pelos, e um dos poucos homens que cantam em contratenor sem falsete. E avança ainda mais até os anos oitenta e noventa, com Cássia Eller, Cazuza e Renato Russo, e diversos outros artistas, que trouxeram à tona a cultura e valores LGBTQI+ numa época de verdadeiro boom nas mídias.

Após isso é interessante ver os primeiros movimentos para unir a comunidade. E o quão corajosos eles foram ao tentarem se organizar em meados de década de 1970 — no meio da ditadura militar. Conheci sobre a luta do Grupo Gay da Bahia, o Somos (grupo de afirmação homossexual), o jornal gay Lampião (cujo o próprio Trevisan fez parte), e entre tantos encontros organizados em prol da causa gay. Apesar de todas as dificuldades e preconceitos, o autor traça uma linha perfeita que nos leva até o presente, até a G Magazine, o nascimento da sigla GLS, as diversas pautas da Marta Suplicy para promover direitos aos gays, e a Parada do Orgulho LGBTQI+.

Eu não sabia da importância da Carmen Miranda para o público trans! Até o RuPaul, famoso dragqueen de hoje em dia, diz ser "filho da Carmen Miranda", tamanha admiração por nossa Pequena Notável. Outro também que era fã (e amigo) dela era a nossa Madame Satã, que nos anos 1930 já performava como transformista muito antes do boom que aconteceria décadas mais tarde. 

Ao mesmo tempo é interessante ver as críticas do autor, dizendo que no Brasil existem tanta expressões da homossexualidade, que é difícil usar tudo como "comunidade gay", como acontece nos Estados Unidos. Achei interessante saber também em como travestis brasileiros são famosos lá fora, quase um "bem de exportação" do Brasil para a Europa. O único exemplo que eu conhecia é a famosa Bambola Star, mas ela é uma no meio de uma galera que é muito mais respeitada e admirada lá fora do que aqui dentro do nosso país.

A parte oito do livro, intitulada "Paraíso perdido, paraíso reencontrado" é uma das partes que mais nos exige estômago: a gente é colocado no carnaval de 1984, com a chegada de aviões de turistas gays americanos, e um baile gay luxuoso com um nome peculiar: The Gay After (uma brincadeira com o termo The day after, em português "O dia seguinte"). Foi o primeiro Carnaval depois da chegada da AIDS no Brasil. Com um governo totalmente despreparado para uma epidemia (como se hoje também não fosse pior...), a AIDS, que na época era conhecida pejorativamente como "câncer gay" foi o estopim para o retrocesso do pequeno espaço que já havia sido conquistado.

Esses capítulos mostrando a chegada da AIDS e todo o preconceito é aterradora. Como eu nasci bem depois disso tudo, fiquei abismado em como na época a doença era tratada: como um aval para desrespeitar e aumentar o preconceito contra gays. Com a bancada religiosa usando a doença para justificar uma espécie de "castigo divino" contra homossexuais, o desconhecimento da doença, sua alta letalidade, o autor mostra como o governo demorou para tomar providências para controlar a pandemia que se instalava no país naqueles tempos, muito por conta dessa elite conservadora que manda nesse país. Tem muita informação lá, e recomendo que seja lido com calma.

E como se desgraça pouca fosse bobagem, a parte seguinte ele se debruça sobre a ascensão da bancada evangélica preconceituosa contra a comunidade LGBTQI+. Nesses capítulos a gente vê os diversos retrocessos que aconteceram nos últimos anos, e em como o governo foi cada vez mais sendo refém dessa ideologia barata e nojenta, que se preocupa mais com quem o outro dorme do que com outras causas urgentes para a melhoria do país.

Ao mesmo tempo, adiante no livro a gente vê que existem pautas LGBTQI+ que evoluíram a um ponto sem retorno: não apenas a parada do orgulho LGBTQI+ se consagrou como uma das maiores do mundo, como museus, exposições, times de futebol, o movimento queer, Youtubers, entre tantos expoentes da cultura homossexual se firmaram na sociedade e estão cada vez mais ganhando respeito e espaço. Um verdadeiro oásis de esperança depois de capítulos pesadíssimos sobre a AIDS e evangélicos.

E por fim é interessante ver o interesse e ao mesmo tempo receio de que as grandes marcas apoiem a comunidade LGBTQI+. Eles investem em atrair este público para seus produtos mostrando aceitação, respeito e empoderamento. Mas existe também um outro lado é que o tal "dinheiro rosa", maximizando os ganhos, vendendo um ativismo para lucrar mais com um público adicional.

Difícil falar de todos os tópicos de um livro tão completo! Esse post ficou gigantesco. Mas uma coisa que concluí a seguinte: como eu sou privilegiado. Por ser hétero eu tenho plena liberdade de ser eu mesmo em minha totalidade. Eu não preciso esconder minha namorada, ou ter medo do que as outras pessoas vão achar se eu sair de mãos dadas com minha mulher nas ruas. Infelizmente para quem é homossexual é uma vida de viver escondido, muitas vezes. Manter aparências, reprimir seus desejos, tudo isso para que possam ter respeito, empregos, e aceitação da família.

O que incomoda é o quê? O prazer? Cara, se cada relação heterossexual no mundo resultasse em fecundação, o mundo teria umas 500 bilhões de pessoas. Mas somos uma espécie que o sexo não tem esse caráter apenas reprodutivo. Não somos como cães ou gatos que possuem cio. Talvez exatamente pelo facto do ser humano em sua evolução ter uma cognição tão evoluída (embora alguns humanos não pareçam ter tanta inteligência assim), podemos fazer arte, sepultar nossos mortos, ter uma alimentação diversa, nos drogar e achar isso divertido, e, por que não, uma vida sexual igualmente plural. São um conjunto de coisas únicas que nos fazem ser animais mamíferos desse planeta com algo a mais.

Afinal héteros também transam apenas por prazer. Então se o prazer não incomoda, então é o quê? Moralidade? Diga isso aos índios que, por não estarem imersos nessas doutrinas limitantes, não vêem preconceito nenhum de relação de qualquer tipo. Eles agem exatamente do jeito que a natureza os fez: não há preconceito, não há o errado, mas há o respeito. Nem mesmo o conceito de "homossexual" existe entre eles. É puro e simples desejo do jeito que a mãe natureza concebeu.

A homossexualidade é uma coisa tão natural quanto a heterossexualidade. Está na natureza em todas as espécies: desde os peixes que podem mudar de sexo para balancear o cardume, entre girafas que ficam se masturbando por horas, entre golfinhos que são bissexuais, e os bonobos, nossos parentes mais próximos, que fazem bastante sexo por diversão e prazer — independente do parceiro ser do mesmo sexo ou sexo diferente.

Indivíduos LGBTQI+ nunca deixarão de existir pois isso é algo intrínseco na espécie humana, assim como em todos os animais e seres vivos desse planeta. Seria o mesmo que dizer que humanos nasceriam sem nariz. Já que reprimir, nutrir preconceito, ou condenar não vai dar em nada, por que não fazemos um esforço em aceitá-los? A forma em como eles expressam seu prazer só diz respeito a eles. Se você não sentir a mesma aptidão, pode continuar hétero como eu e ir atrás de mulheres. Se você sentir tesão por pessoas do mesmo sexo, e também por pessoas de sexo diferente, seja então bissexual. Se você só se sente atraído por pessoas do mesmo sexo, seja homossexual. Se nasceu com um cérebro de um sexo e o corpo de outro gênero, seja transgênero. E independente da maneira que você se sente bem, busque sua felicidade.

Parece simples, e era pro mundo funcionar assim, diverso. Tudo seria muito mais simples. Mas infelizmente existem muitos seres da nossa própria espécie que se incomodam, não se aceitam, se oprimem, e acham que o desrespeito e preconceito são a regra. Quando na verdade é uma das coisas que mais maculam a imagem de nossa própria espécie.

Nota: 10
Livro imperdível.

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