O poder de influenciar votações.
Esses dias fiquei bastante impressionado ao ouvir um episódio do podcast "Isso está acontecendo", que mostrava pessoas que são viciadas em votar em BBB. Isso me fez refletir muita coisa, entre umas delas em como o facto da violência nas ruas ser na verdade algo muito bom pro bolnosarismo: mais pessoas com medo de sair de casa significa mais pessoas usando o celular, e a rede criada pelo Tonho da Lua Bolnosaro (o Carlos) ser ainda mais forte.
O tal episódio pode ser ouvido aqui.
Existem diversas razões por trás do sucesso de redes sociais no Brasil. Embora muitas pessoas vivam nas grandes cidades sem bons espaços públicos para desfrutar de seus suados impostos — especialmente na periferia de São Paulo, como é meu caso — essa ausência da vida ao ar livre acaba ganhando força com os altos níveis de criminalidade que temos por aqui.
Só que as pessoas não ficam em casa olhando apenas para a parede. Elas querem diversão e distração dos problemas de fora. E o smartphone acaba sendo a opção mais fácil, afinal redes sociais são essas coisinhas maléficas feitas para viciar as pessoas.
E então caímos no dilema do Admirável Mundo Novo: um mundo tão livre, com tanta gente falando ao mesmo tempo, que é muito fácil ser manipulado. Pois na ausência de um líder, o espaço dele é preenchido com alguém que fale o que aquele tipo de gente está esperando.
E talvez essas votações de reality shows seja apenas a ponta do iceberg disso tudo. Eu comentei o resultado do Power Couple Brasil ano passado. Em um programa onde as pessoas que ganham as provas conseguem mais dinheiro em seu saldo, deixar para o público decidir, acabou criando uma estrutura de votação com incontáveis grupos de whatsapp que decidem quem vai ganhar ou perder. E pessoas passam o dia inteiro votando sem parar, pois muitas dessas pessoas não tem muito o que fazer além disso.
Se por um lado esses grupos de manadas podem decidir o destino de um reality show, a máquina bolnosarista também faz o mesmo. Movem um número incontável de pessoas por meio de redes sociais, e atingem os mais diferentes públicos usando o medo. O medo do jovem de classe alta em ver o PT de volta ao poder e ele perder a HB20 dele. Ou o medo do comunismo voltar e obrigar todo mundo a abortar fetos da senhorinha de oitenta anos do interior de Rondônia.
Eu lembro que quando eu era adolescente, eu vivia no computador. Eu passava muito tempo no MSN, mas sempre tinha a hora de desligar o computador e ir dormir. Quando eu vi a revolução dos smartphones, muito mais simples e práticos, achei aquilo sensacional. Era aquilo tudo o que vivíamos com computadores, mas elevado a uma potência infinita. Mas hoje eu vejo o quão destrutivo isso foi, não era nada revolucionário.
Antes podíamos desligar o computador. Tenta fazer uma pessoa desligar o celular pra você ver o que acontece.
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