Top 5 dos livros preferidos de 2021!

Esse ano eu li muito! Acho que nunca cheguei a duas dezenas de livros em nenhum outro ano da minha vida. Buscando conhecimento, tentei seguir os ensinamentos do ET Bilú. E posso dizer que foi um ano proveitoso nesse sentido! Foram vinte e um livros em 2021 (ou talvez vinte e dois se eu terminar Drácula até o dia 31), e todos eles aqui resenhados. Separei os cinco que mais gostei, com mais três menções honrosas pra concluir as leituras desse ano!

5º lugar
Com armas sonolentas - Carola Saavedra

Eu vi muito de pós-modernismo na obra da Carola. Talvez muita gente tenha procurado sentidos nas diversas coisas apresentadas nessa magnifica obra, mas na minha opinião o tempero não é buscar sentido, e sim tentar acreditar no non sense. Eu sou um super admirador de movimentos pós-modernistas muito por terem essa linguagem onde procuramos sentidos nas coisas onde elas na verdade não possuem nenhum — e isso é nada mais do que uma característica do quão confusa nossa mente ficou depois do pós-Segunda Guerra Mundial.

Um livro com três personagens distintas, e três escritas totalmente diferentes. Parece que foi escrito por três autoras diferentes, de tão singular. Uma obra que mistura coisas que seriam muito difíceis de se misturar, como filosofia, antropologia e misticismo. Mas que se você juntar uma capivara muito doida no meio, e ir de mente aberta, vai aproveitar cada segundo dessa obra.

4º lugar
A vida pela frente - Romain Gary

Um escritor bom é quem consegue contar uma boa estória. Mas um escritor excelente é um que te conta a estória de um jeito tão superior, que você vai dizer que é uma criança que está contando. E é exatamente o que nos acontece nessa ótima obra: a vida contada pelo ponto de vista de uma criança, vivendo no meio de cafetões, criminosos, prostitutas, mas com uma pureza que tocou meu coração do começo ao fim.

Apesar dos temas super tristes do livro, eles parecem até cômicos ao serem contados pelo viés de uma criança. Um pequeno ser iluminado, que tem um guarda-chuva como amigo, uma senhora doente como mãe adotiva, que não sabe quantos anos tem, e que apesar do meio nada sadio para crescer, consegue despertar o que há de melhor em cada pessoa. Inclusive na gente que lê.

3º lugar
É sempre a hora da nossa morte amém - Mariana Salomão Carrara

Assim como o anterior, esse é outro livro com um tema que poderia ser muito triste, mas é contado de uma maneira que traz um quentinho no coração. Aqui tratamos de uma senhora amnésica, que é encontrada numa estrada chamando pela sua filha Camila. Só que como ela tem esse problema com a memória, cada dia uma nova estória é contada sobre essa filha — uma vez a transformando em amiga também chamada Camila, com uma dupla de cachorros, um marido que a abandona, entre outros vários personagens que vão aparecendo e tornando tudo mais e mais profundo.

A gente vai tentando juntar os pontos de cada estória dela, criando diversas teorias para entender quem é quem, ou quando algo aconteceu, e isso torna a leitura extremamente divertida e única! Quando a gente pensa que descobriu algo importante, no capítulo seguinte a Aurora vem e muda completamente a estória, e vamos tentando encontrar algum sentido enquanto avançamos na leitura.

2º lugar
A queda do céu - Davi Kopenawa

Esse foi o livro mais difícil que eu li esse ano. Compilado por um antropólogo e etnologista francês, narrado pelo xamã Yanomami Davi Kopenawa, esse livro mexeu lá dentro da minha alma. No começo é muito difícil por ter muitos termos yanomamis, mas conforme vamos avançando na leitura, e depois de centenas de consultas às notas no final do livro, um novo mundo vai se desdobrando na nossa frente:

A de um povo isolado há séculos nos confins da Amazônia, que usa o pó de uma árvore aspirado para se comunicarem com seus espíritos, que no primeiro contato com o branco começou a ser dizimado por doenças, com garimpeiros e madeireiros destruindo sua floresta, e seu alerta final: quando a floresta acabar não vão ser apenas eles que vão morrer. Nós também morreremos. E num país onde o agro acaba com nossa natureza, com esse presidente corrupto e nojento, isso mostra o quão perto do fim do mundo nós estamos.

1º lugar
Garota, mulher, outras - Bernadine Evaristo

Um livro essencial para saber sobre a vida, valores, pontos de vista, e dificuldades de diversos tipos de mulheres. E não são apenas mulheres, mas quase todas são negras, protagonizando o livro inteiro. Aqui temos uma mãe lésbica de meia idade, uma jovem adulta no começo da faculdade, uma mãe solo que era abandonada por cada pessoa que a engravidava, uma garota vítima de um estupro coletivo que vira uma empresária de sucesso, e até uma mulher do começo do século XX sofrendo racismo por ser negra, entre outras diversas vidas contadas aqui.

Com uma escrita que misturam versos e prosa, a gente sente a emoção a cada página, por meio de palavras colocadas meticulosamente, em um ritmo igualmente marcante que transmite a maior gama de emoções. Um livro que me fez entender e respeitar a luta das mulheres por igualdade, e abriu minha mente para as lutas das mulheres com as mais diversas histórias de vida — unidas pela sua etnia africana.

Menções honrosas
Os Miseráveis - Victor Hugo
Esse ano, depois de mais de uma década, reli o meu livro preferido de todos: Os miseráveis. E posso dizer que reviver essa obra no presente foi inesquecível. Demorei um bocado para ler, e mais um monte para saber o que escrever sobre esse livro que continua inabalável no topo do meu pódio!

Devassos no paraíso - João Silvério Trevisan
Como uma pessoa hétero, aprendi muito sobre a história da homossexualidade no Brasil. Percebi o quão privilegiado eu sou por poder me casar com quem eu quiser e até coisas simples, como andar junto da mulher que amo sem medo de ser agredido na rua. Conhecer a luta dos LGBTQIA+ me fez endossar ainda mais que essa comunidade tenha os mesmos direitos que eu tenho por ser hétero!

Escravidão - Laurentino Gomes
Indicação acertada do meu amigo Thiago, sobre o capítulo mais triste da história do Brasil: o tráfico de escravos negros. Em diversos pontos senti nojo e revolta, e vi o quão nefasto é essa mácula em nossa trajetória e como observar o passado nos faz entender o porquê de ainda existir tanto racismo, injustiças, e coisas erradas contra um povo que foi tirado a força de sua terra e até hoje vive sem dignidade ou direitos básicos que eu, como uma pessoa branca, tenho.

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